Bolsa
Ações haviam subido 44% na semana, mas viraram pó ontem
Com a liquidação extrajudicial decretada pelo BC, as ações do Cruzeiro do Sul deixaram ontem, definitivamente, de ser negociadas na bolsa de valores. No jargão do mercado, diz-se que os papéis "viraram pó", o que significa que perderam todo o seu valor investido. A liquidação extrajudicial fora da Justiça implica no fim das atividades operacionais da companhia, que deixa de existir, e não pode ser revertida. Daqui em diante, o liquidante será responsável por vender todos os ativos que tenham valor no banco com objetivo de recuperar dinheiro para pagar os credores. Como sócios do Cruzeiro do Sul, os acionistas serão os últimos a receber qualquer dinheiro e apenas depois de se pagarem todos os demais credores, o que dificilmente costuma acontecer. O último dia de negociação foi a quinta-feira, quando os papéis preferenciais (sem voto) terminaram a R$ 2,49%, com alta de 24,5%. Na semana, essas ações tinha subido 44,8% com a aposta de parte do mercado de uma solução para manter o banco em operação. No ano, porém, esses papéis perderam 81,9% de seu valor.
O Banco Central decretou ontem a liquidação do Banco Cruzeiro do Sul, após o fracasso das negociações para a venda da instituição ao Santander. As conversas com o grupo espanhol se estenderam até a noite de quinta-feira, mas não tiveram um desfecho favorável. Sem um comprador, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) recomendou ao Banco Central a liquidação do banco.
O Cruzeiro do Sul teve um rombo contábil de R$ 3,1 bilhões e está com patrimônio negativo. Apesar do fracasso em encontrar um novo dono, as negociações com os credores foram bem e quase 90% deles aceitaram o desconto de 49,3% no valor das dívidas. Para evitar a liquidação, contundo, o FGC tinha de achar um comprador e negociar com os credores o perdão da dívida.
Com a liquidação, os credores terão de reclamar na Justiça esses pagamentos. O FGC garante a cobertura integral de depósitos até R$ 70 mil e mais os CDBs que foram comprados com garantia especial, conhecidos como DPGE. Com a liquidação, o FGC deve desembolsar R$ 1,9 bilhão para essas coberturas.
Negociações
Cinco bancos se credenciaram para analisar os dados estratégicos do Cruzeiro do Sul, mas três desistiram na semana passada por achar o negócio arriscado. Nesta semana, só o Bradesco ainda participava das negociações. O BTG Pactual, que era visto como um dos favoritos, também desistiu de fazer uma oferta. Na última hora, negociadores foram atrás do Santander, que aceitou discutir o assunto.
Um dos entraves era a dúvida quanto ao valor de benefício fiscal que poderia ser apurado no caso da compra. As estimativas iniciais eram de até R$ 1 bilhão em economia de impostos nos próximos anos. O problema é que esse benefício fiscal foi calculado com base em dados que são contestados. O comprador teria ainda de trazer pelo menos R$ 700 milhões ao Cruzeiro do Sul.
O rombo é decorrente de mais de 300 mil empréstimos consignados fictícios, maquiagem de balanço, entre outros crimes. O principal negócio do Cruzeiro do Sul é o consignado, que não motiva mais os grandes bancos comprarem instituições menores porque eles próprios estão fazendo essas operações, com custos menores. Além do consignado, o banco tem uma corretora e uma gestora de fundos.
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