O fechamento do Estação Convention Center preocupa o setor de turismo de negócios em Curitiba. Em média, o espaço estava recebendo 234 eventos ao ano. Entre a abertura, em 2004, e o fim do ano passado, os turistas que vieram especificamente para as feiras e convenções do Estação deixaram na cidade cerca de R$ 1,43 bilhão, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Centros de Convenções e Feiras (Abraccef). De acordo com a presidente da entidade, Margareth Pizzato, o município já está atrás de cidades como Belém, no Pará, e outras do interior de São Paulo no ranking de eventos corporativos do Brasil.
"O Estação Convention Center não está marcando novos eventos desde o ano passado. E o grande problema é que os espaços que existem hoje não substituem o Estação em hipótese alguma", afirma ela. Margareth também alerta para a perda de eventos relacionados à Copa do Mundo. São 180 feiras e convenções oficiais, ligadas à Fifa, que ocorrem paralelamente ao torneio, além de eventos extraoficiais. "O Estação é um dos centros de eventos mais bem estruturados e equipados do Brasil. E está numa área, no centro da cidade, que movimenta todo o setor de hotéis e restaurantes." O espaço tem 25 mil metros quadrados e capacidade para 5 mil pessoas simultaneamente. Nesse porte, Curitiba só tem outros dois locais que podem servir como substitutos. O Expo Unimed Curitiba, dentro do câmpus da Universidade Positivo, no Campo Comprido, e o Expotrade, em Pinhais, na região metropolitana ambos longe do Centro, o que encarece o custo de transporte dos participantes e organizadores de eventos.
Cobrança
O setor de turismo de negócios vinha cobrando do poder público alguma medida para tentar impedir o fechamento, mas o Shopping Estação, controlado pelo BRMalls, afirmou, em nota, que não há mais chance de o espaço continuar sendo usado para eventos. O local vinha sendo administrado, em regime de terceirização, pela empresa GL Events. A partir de julho, o prédio passará a servir como torre comercial.
A presidente do Instituto Municipal de Turismo, Juliana Vosnika, diz que as negociações com o shopping começaram há mais de um ano. Mesmo com uma proposta de isenção de impostos, segundo ela, a direção do shopping considerou que manter um espaço de eventos não valia a pena comercialmente. Segundo a prefeitura, novos empreendimentos devem amenizar o fechamento do Estação, entre eles o recém-inaugurado Espaço Torres, na Avenida das Torres, a ampliação do auditório da Cietep, também na mesma avenida, e a inauguração de um local para shows e convenções no ParkShoppingBarigui.
Além disso, está em processo de análise o contrato de concessão do Parque Barigui, que visa à revitalização do pavilhão de eventos. Por enquanto, dois consórcios se inscreveram no processo licitatório o Positivo/JMalucelli e o Mariqui. "O que nós temos tentado fazer é ligar o turismo corporativo com o de lazer. O objetivo é fazer alguém que vem para uma reunião de negócios ficar mais tempo. Para isso, a prefeitura está com uma ação para estabelecer um calendário cultural e esportivo bastante forte para a cidade", diz Juliana.