“Mostramos aos incrédulos que o pré-sal é uma riqueza palpável e tangível”, disse Dilma| Foto: Tomaz Silva / Agência Brasill

Evento político

Dilma exalta Petrobras, Graça defende reajuste

Na solenidade que celebrou a marca recorde do pré-sal, a presidente Dilma Rousseff, sem citar as denúncias que vêm sendo feitas contra a Petrobras, apoiou a gestão da companhia. "Em apenas oito anos, a Petrobras fez com que nossas plataformas, trabalhando a 300 quilômetros da costa, mostrassem aos incrédulos que o pré-sal é uma riqueza palpável e tangível e, acima de tudo, pertence ao povo brasileiro", disse. A presidente também voltou a defender a contratação da estatal para explorar, sem licitação, o óleo excedente em quatro áreas do pré-sal.

No evento, a presidente da Petrobras, Graça Foster, defendeu o reajuste dos combustíveis. "Não há nenhuma dúvida que as ações da companhia sofrem uma pressão bastante grande. Mas é uma questão de tempo para fazer o que estamos dizendo que vamos fazer. Vamos ter correção de preço de combustível sim. Quem tem política de preços é a Petrobras."

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US$ 1 milhão é o custo diário de perfuração de um campo no pré-sal. Entre 2010 e 2013, a Petrobras conseguiu reduzir de 126 para 60 dias o tempo médio de perfuração de cada poço, o que significa que, no ano passado, a empresa economizou cerca de US$ 66 milhões por poço em relação aos gastos de três anos antes.

O governo federal e a Petrobras celebraram ontem um novo recorde de produção de petróleo no pré-sal: a superação da marca de 500 mil barris diários, ocorrida na semana passada. No dia 24 de junho, as nove plataformas que operam na província extraíram 520 mil barris do fundo do mar, dos quais 406 mil barris, ou 78% do total, representam a parcela da Petrobras na produção – o restante pertence a outras petroleiras, sócias da empresa.

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INFOGRÁFICO: Acompanhe a evolução na produção de petróleo no Brasil

Nem a estatal esperava tanto, e tão rápido: há quatro anos, ela previa que em 2014 a produção média estaria pouco acima de 240 mil barris por dia. Mas, enquanto o avanço dos trabalhos na nova província é digno de comemoração, os campos mais antigos, na camada pós-sal, exibem números nada animadores.

Deixadas em segundo plano desde a descoberta de reservas gigantescas no pré-sal, as áreas "maduras" do país estão produzindo em média 1,734 milhão de barris por dia, segundo o dado oficial mais recente, de abril. No mesmo mês de 2011, a produção diária girava em torno de 1,959 milhão de barris. Ou seja, sem o pré-sal, a produção brasileira de petróleo teria diminuído 11% nos últimos três anos.

Estagnação

Na soma de todas as áreas, do pré e do pós-sal, a produção brasileira está praticamente estagnada. Caiu por dois anos seguidos depois do pico de 2,193 milhões de barris em 2011, e agora exibe alguma recuperação – alcançou 2,203 milhões de barris por dia na média dos quatro primeiros meses do ano.

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O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, atribuiu a estagnação ao declínio da produção na Bacia de Campos. "Precisamos repor uma queda de cerca de 200 mil barris na produção média diária a cada ano", disse.

Para André Furtado, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp, o declínio se deve em parte ao esgotamento natural dos campos antigos, mas também à falta de investimentos. "A Petrobras deu prioridade ao pré-sal e deixou desguarnecidas as áreas maduras. É preciso modernizar plataformas, perfurar mais poços", avalia. "A gestão da Graça Foster [CEO da Petrobras] instituiu um programa para melhorar a produtividade dos campos maduros, mas ele não tem sido suficiente para reverter o declínio."

Embora as projeções de longo prazo da Petrobras tenham sido frustradas desde 2007, Furtado crê ser possível atingir a marca de 4 milhões de barris em 2020. "Mas a produção do pré-sal terá de continuar crescendo muito rápido para compensar o declínio das outras áreas", diz.

Velocidade

A marca de 500 mil barris diários demorou oito anos para ser alcançada, desde a descoberta de petróleo no pré-sal. A Petrobras havia demorado 21 anos para alcançar o mesmo volume no pós-sal da Bacia de Campos. As petroleiras que atuam no Mar do Norte demoraram dez anos para atingir os 500 mil barris e as do Golfo do México, 20 anos.

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