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Comércio

Semana do Brasil: como o varejo vê a “Black Friday” tupiniquim lançada pelo governo federal

Foto: Ivonaldo Alexandre/Arquivo/Gazeta do Povo (Foto: GAZETA)

O governo federal lançou oficialmente nesta terça-feira (3) a Semana do Brasil, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto com a presença do presidente Jair Bolsonaro. A ação, que tem por objetivo estimular o comércio e, consequentemente, a economia brasileira, será realizada entre os próximos dias 6 e 15 de setembro. Neste período, estabelecimentos de diferentes segmentos irão ofertar produtos e serviços com preços e condições especiais de negociação, no que tem tudo para ser a nova "Black Friday" brasileira.

Criada pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), a Semana do Brasil nasce com a pretensão de se firmar como uma data comercial no calendário nacional, no mês em que se comemora a Independência do país. Ou seja, "incentivar o sentimento de patriotismo da população e criar um momento especial para os consumidores", como destaca o governo federal.

"Historicamente, o mês de setembro é um dos que registra menor movimento de venda e faturamento no varejo. Essa iniciativa, aproveitando as celebrações do Sete de Setembro, cria um marco muito favorável e positivo para o setor", completa Fabíola Paes, especialista em varejo e docente da ESPM, da USP/Esalq e da Ibmec.

Opinião semelhante tem o conselheiro do Instituto do Desenvolvimento do Varejo (IDV), Marcos Gouvêa de Souza. Além de estimular as vendas, tradicionalmente fracas quando comparadas a de outros períodos do ano, ele acredita que o período de promoções também deverá contribuir para a retomada da confiança do consumidor.

""Imagem: reprodução

"O Brasil está precisando de um estímulo. Estamos em uma situação na qual a massa salarial cresceu, as taxas de juros baixaram, a oferta de crédito aumentou, o desemprego está caindo (mesmo que devagar), o comprometimento de renda [das famílias] é menor e, mesmo assim, o consumo não reage, as vendas no varejo não crescem. E isso gera uma reação em toda a cadeia produtiva", lembra o conselheiro do instituto, uma das entidades apoiadoras da campanha.

Engajamento dos lojistas aponta para sucesso da ação

Uma nova oportunidade de vendas em um cenário de resultados pouco expressivos era uma oportunidade aguardada pelo setor. Pelo menos este é um entendimento possível a partir do engajamento das grandes e pequenas marcas à Semana do Brasil. Dados do governo federal apontam que 4.680 empresas e entidades irão participar ativamente da campana.

Entre elas estão a Via Varejo, das marcas Pontofrio e Casas Bahia, que anunciaram descontos de até 80%; a Fast Shop, na qual a redução sobre os preços chega a 45%; e a Camicado, do grupo Renner, que oferta produtos por até metade do preço de tabela. Vale lembrar que o cadastro para que as empresas participem da campanha não é obrigatório e que não há prazo para que ele seja realizado.

"A recomendação é a de que as empresas o realizem e usem a marca da campanha para potencializar o efeito das vendas, mas seguramente muitas redes que não se cadastraram também irão participar dela [com ações promocionais]", reforça o conselheiro do IDV. Souza lembra que as empresas não receberão nenhuma espécie de incentivo ou benefício por parte do governo, como a redução ou o parcelamento de impostos, para participar da campanha e que, ao contrário disso, estão sacrificando sua rentabilidade para viabilizá-la.

"A campanha se espalhou pelo Brasil e abriu caminho para que se torne uma nova data promocional no calendário do comércio do país. Neste primeiro ano, provavelmente não teremos seu efeito máximo. Nos próximos, a resposta vai crescer em intensidade, até pelo fato de os lojistas poderem se planejar e organizar com mais antecedência", reforça o conselheiro. Ele especula, inclusive, que em dois anos a Semana do Brasil pode vir a representar o quinto melhor período de vendas promocionais do ano, perdendo apenas para o Natal, Dia das Mães, Dia dos Namorados e a Black Friday, não necessariamente nesta ordem.

A especialista em varejo Fabíola Paes, por sua vez, pensa que ainda é cedo para ter na campanha uma nova Black Friday, mas reconhece que existe este desejo por parte do governo e do empresariado e potencial para que ela atinja tal magnitude.

"Quem vai validar tudo isso será o feed back dos consumidores no pós Semana do Brasil. Dando certo, ela tem potencial, inclusive, para ir além da Black Friday, pois é mais focada na venda física, que é onde ocorrem 98% das vendas do varejo. Os outros 2% estão no mundo online, que é o principal foco da Black Friday, e movimenta cerca de R$ 60 bilhões por ano", projeta.

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