A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acumulou 28,5% de desvalorização na semana que terminou ontem a pior desde outubro de 97, quando a crise asiática abalava os mercados internacionais. Ontem, o pânico generalizado continuou dominando os mercados, e a Bolsa de Valores de Nova Iorque completou oito dias seguidos de perdas, fechando a semana mais catastrófica de seus 112 anos de existência. A queda fez o índice Dow Jones fechar o dia com perdas de 1,49%, e a semana, com queda de 18%.
No pregão de ontem, após a melhora sentida na última hora de operações, a Bovespa conseguiu encerrar com queda de 3,97%, bem menos intensa que a verificada no começo do dia. Em seu momento mais crítico, a bolsa paulista recuou 10,36%. Às 10h35, com as perdas rompendo o limite de baixa de 10%, foi acionado o "circuit breaker", sistema que interrompe o pregão e as negociações foram suspensas por 30 minutos.
Apesar da melhora durante o dia, em nenhum momento o índice Ibovespa, que reúne as 66 ações mais negociadas, conseguiu sair do vermelho. No fim do pregão, o índice registrava 35.609 pontos, o mais baixo nível desde setembro de 2006. No mês, a depreciação da bolsa está em 28,12%.
Os mercados na Ásia e na Europa tiveram os piores resultados a Bolsa de Tóquio perdeu 9,62%; Londres caiu 8,85%. "A desconfiança e a irracionalidade continuaram a tomar conta dos mercados na semana. A segunda-feira já começou com a Bovespa acionando novamente o circuit breaker, com o mesmo ocorrendo hoje [ontem]. O consenso de que as ações estão baratas parece não ser suficiente e de fato existe falta de convicção do mercado, impossibilitando um movimento de alta", afirma o sócio-diretor da XP Investimentos, Rossano Oltramari.
De todos os papéis que formam o Ibovespa, apenas 2 escaparam da baixa na semana. A ação unit da ALL, que havia despencado 32,07% na semana passada, encerrou com alta de 3,2% nos últimos cinco dias. E as ações ordinárias da BM&F Bovespa subiram 2,06%. Apesar da alta semanal, os papéis da BM&F Bovespa estão entre os que mais perderam neste ano, com depreciação acumulada de 70%.
Já dentre as maiores desvalorizações do Ibovespa na semana ficaram os papéis B2W Varejo ON (resultante da fusão entre Americanas.com e Submarino), com queda de 42,05%, Nossa Caixa ON (40,05%) e Aracruz PNB (-38,76%).
Destaque ruim
Com uma queda de 44,26% acumulada no ano, a Bovespa figura entre os mercados acionários que mais sofrem em 2008. Em dólares, a bolsa paulista registra depreciação de 56,85% no ano. Em Wall Street, epicentro da atual crise, a queda anual do índice Dow Jones está em 36,29%. Em Londres, a baixa acumulada no período é de 39%. E o índice Nikkei, de Tóquio, tem desvalorização de 45,9% em 2008.
Muito dependente das commodities que têm se depreciado fortemente nas últimas semanas e do capital externo que tem abandonado as ações brasileiras , a Bovespa não tem conseguido respirar nem mesmo com os bons fundamentos econômicos do país.
Com o barril de petróleo em baixa de 10,27% em Nova Iorque, cotado a US$ 77,70, as ações da Petrobras não tiveram fôlego para escapar de mais um dia de baixa. A ação PN da Petrobras, a mais negociada da bolsa, caiu 7,26%. No ano, já recuou 45,36%. O papel PNA da Vale, que caiu 9,57% no começo do pregão, conseguiu se recuperar e fechou com uma baixa de 1,01%.