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Produção

Semestre foi de queda histórica na indústria

Veja os índices da produção industrial no primeiro semestre |
Veja os índices da produção industrial no primeiro semestre (Foto: )

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O tombo sofrido pela indústria brasileira devido à crise internacional fez com que ela registrasse um recorde histórico: seu desempenho no primeiro semestre deste ano foi o pior da série iniciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1975 para os seis primeiros meses de um ano. A produção industrial caiu 13,4% na comparação com o mesmo período de 2008, em grande medida puxada pela retração do setor automotivo e outros segmentos exportadores. Nos últimos 12 meses a queda foi de 6,5%.

Apesar de assustador, o dado divulgado ontem pelo IBGE foi amenizado por uma melhora na produção nos últimos meses. Em junho, o desempenho da indústria foi 0,2% superior ao de maio – e 10,9% menor do que o registrado no mesmo mês de 2008, porcentual que é menor do que a média do semestre e indica uma recuperação bastante lenta.

O abismo entre os resultados de 2008 e 2009 está fazendo com que muitas empresas passem a comparar os números deste ano com os de 2007 na hora de fazer o planejamento. É o caso da Volvo, montadora de caminhões instalada em Curitiba. "É difícil comparar a produção industrial tendo de um lado um ano de crise econômica e de outro o melhor ano da história do Brasil", diz o gerente da linha F de caminhões da Volvo, Bernardo Fedalto. Sua matemática é fácil de entender: as vendas da empresa estão 30% inferiores às do ano passado, mas 6,6% acima do que se vendeu em 2007.

E 2007 não foi ruim, pelo contrário: as vendas da Volvo cresceram quase 50% ante 2005 e 2006, puxando um novo patamar de mercado. "Na verdade os números de hoje estão nos deixando animados. Se eu me balizar por picos de mercado, ficarei iludido por patamares que não são reais", diz Fedalto.

O executivo credita parte da retomada da demanda do mercado interno às medidas de fomento ao crédito executadas pelo governo federal, opinião que é compartilhada pelo coordenador do departamento econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Maurílio Schmitt. Para ele, a recuperação do crédito é ferramenta indispensável ao consumo e ao aquecimento da demanda, bem como a massa de rendimentos da população, que se mantém relativamente estável.

"O industrial paranaense já vislumbra para este ano uma economia em velocidade de cruzeiro, um período para reconquistar as condições adequadas para o crescimento econômico", diz Schmitt. Na semana passada, a Fiep divulgou a pesquisa de clima empresarial, que mostrou uma reversão no ciclo de pessimismo após ficar nove meses abaixo da média.

A projeção também já foi pior na avaliação do presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado (Sindimetal-PR), Roberto Karam. Após o pico e o vale na atividade produtiva, o setor já "superou o decréscimo" ocorrido na crise e restabeleceu os níveis de atividade de 2006 e 2007. A perspectiva, de acordo com ele, é manter o crescimento normal do setor no estado – entre 1% e 2% ao mês – para retomar um processo mais sólido de expansão apenas a partir de março de 2010.

"As empresas aprenderam a lição. Após tomar uma pancada forte, estão investindo em automação e produtividade, e ficaram mais cautelosas nas admissões nesse momento. A tendência é não contratar prevendo vendas futuras – vão primeiro começar a vender, para depois aumentar o número de funcionários."

Exportações

O mercado externo, por sua vez, ainda traz muitas dúvidas. A unidade da Bosch em Curitiba, que fabrica peças de veículos comerciais e de motores a diesel, mandava para os mercados europeu e asiático cerca de 60% da produção. Após a derrubada da demanda pela metade provocada pela crise, cortou em junho 25% da sua produção e está revendo seu planejamento estratégico. O diretor de Engenharia e Vendas da Divisão Diesel System, Mário Massagardi, diz que 2010 ainda é uma incógnita, e que a tendência é direcionar a produção para a América Latina e Brasil.

"É claro que não vamos parar de exportar para os mercados distantes, não vamos desperdiçar oportunidades. Mas estamos entendendo que, depois da crise, os países vão focar mais em criar empregos internos antes de importar produtos de longe. Essa pode ser a nova prática mundial daqui para a frente, então estamos nos voltando para os países vizinhos", conta.

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