O Senado dos Estados Unidos aprovou ontem, após meses de intensas negociações, a reforma do sistema financeiro, a maior desde a Grande Depressão nos anos 1930 e uma das grandes iniciativas do governo Barack Obama. O projeto já havia sido aprovado pela Câmara no fim de junho. A lei foi aprovada por 60 votos a favor e 39 contra. O texto será enviado a Obama para assinatura na próxima semana. O texto definitivo de mais de 2,3 mil páginas da lei Dodd-Frank nome de seus principais autores, o senador Chris Dodd e o representante (deputado) Barney Frank foi concebido para tentar impedir uma nova crise como a desencadeada no outono de 2008 (no Hemisfério Norte), jogando a economia dos Estados Unidos no abismo.
A lei reforma todas as áreas dos mercados financeiros, desde como os consumidores assumem hipotecas e cartões de créditos até a forma como o governo pode liquidar uma empresa financeira em quebra. Prevê ainda restringir a tomada de risco e investimentos por parte de bancos e definir um órgão para supervisionar companhias de cartão de crédito e hipotecas.
Regulamentos
No entanto, quando Obama assinar o texto, o trabalho de reforma não estará concluído. A lei terá de ser desenvolvida de acordo com 533 regulamentos elaborados pelas agências reguladoras. Serão essas normas que determinarão como a reforma atingirá bancos e cidadãos, apesar de a intenção geral ser aumentar a defesa do consumidor e vigiar melhor o setor para evitar crises. A lei estabelece pela primeira vez uma regulação dos derivativos, mercados sofisticados que estiveram no olho do furacão durante a crise do sistema financeiro do país. A aprovação da reforma financeira e a do setor de saúde foram as duas grandes conquistas de Obama na primeira parte de seu mandato.
Obama admitiu hoje que o progresso conseguido na recuperação econômica não foi suficiente para reparar o "enorme dano" causado pela pior recessão em décadas. Ele disse, no entanto, que suas políticas começam a funcionavar, e que o país caminha na direção correta. "Sim, o progresso conseguido até agora não é nem um pouco suficiente para reverter o enorme dano causado pela recessão", disse Obama, ao participar da inauguração de uma fábrica de baterias para automóveis híbridos, construída com fundos de incentivo. "Mas o que está absolutamente claro é que caminhamos na direção correta e que o mais certo para sair da tempestade que enfrentamos é seguir adiante, não retroceder", disse, segundo texto divulgado pela Casa Branca.