Um comitê do Senado dos Estados Unidos acusou o JP Morgan de prover informações enganosas a reguladores e investidores sobre o tamanho das perdas em operações de derivativos - conhecidas como "London Whale"- no ano passado. Os parlamentares revelaram que foram feitos mais avisos sobre as operações do que banco havia divulgado anteriormente.

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Um indicador de risco interno do banco projetou, em fevereiro de 2012, que o JP poderia perder US$ 6,3 bilhões por causa das operações. Mas o aviso foi considerado por um gerente de risco como "lixo", de acordo com o relatório de 301 páginas do Subcomitê Permanente de Investigações do Senado. As perdas operacionais do banco de Nova York ultrapassaram US$ 6 bilhões.

Produzido depois de mais de 50 entrevistas e uma revisão de 90 mil documentos, o relatório também mostrou que o JP Morgan reteve certas informações de seus reguladores. A empresa ignorou avisos emitidos semanas e, em alguns casos, até meses antes de o presidente-executivo James Dimon rejeitar as preocupações sobre as operações. Em uma teleconferência realizada no dia 13 de abril de 2012, Dimon definiu os alertas como uma "tempestade em copo d'água", de acordo com o relatório.

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Mesmo depois que as perdas começaram, no início de 2012, o banco permitiu que o seu departamento chefe de investimentos (CIO, na sigla em inglês), centro das operações de derivativos de alto risco, aumentasse seus limites de risco e mudasse seus modelos de medição de riscos, além de continuar as operações.

O CIO ultrapassou limites de risco anteriores e ignorou alertas em mais de 330 vezes em quatro meses, segundo o relatório. Os avisos foram "sistematicamente desconsiderados" e os limites foram elevados.

Métricas de risco foram "frequentemente criticadas ou minimizadas" dentro do banco. Uma mudança fundamental no modelo do CIO para "valor em risco" (VaR, na sigla em inglês), uma forma de medir as perdas comerciais em potencial, se mostrou profundamente falha. Os parlamentares afirmaram que o nível real dos riscos a serem tomados pelo CIO não foi devidamente divulgado pelo banco quando as perdas começaram a se acumular.

Tudo isso enganou os investidores, diz o relatório.

O esforço do Senado é o primeiro relato definitivo de um episódio que atingiu a reputação da empresa de gestão de risco, que já foi vista como a melhor em Wall Street. O conselho do JP Morgan cortou pela metade o salário de Dimon em 2012 após as perdas, apesar de o banco registrar um lucro recorde de US$ 21,3 bilhões. Na quinta-feira, o Federal Reserve Bank citou o JP por deficiências no seu planejamento de capital e disse que o banco teria de apresentar novamente em 2013 um plano para expandir sua recompra de ações e elevar seu dividendo.

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Os investigadores do Senado "descobriram uma operação que acumulou riscos, ignorou limites na tomada de riscos, escondeu perdas, se esquivou da supervisão e enganou o público", disse o senador democrata Carl Levin, de Michigan, presidente da subcomissão, em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira.

"Embora tenhamos repetidamente reconhecido erros, nossa diretoria agiu de boa fé e nunca teve qualquer intenção de enganar ninguém", informou o JP Morgan, em um comunicado.

O grupo de parlamentares também deve questionar os funcionários do departamento de controlador de câmbio ("Controller of the Currency"), principal regulador do banco. O inquérito deverá incluir Thomas Curry, chefe do departamento.

O senador republicano John McCain, membro da subcomissão, disse que a empresa "enganou os investidores e os contribuintes norte-americanos", chamando as perdas de uma "falha enorme não só do JP Morgan, mas também do governo federal".

Um porta-voz do órgão regulador do banco disse, em comunicado na quinta-feira. que reconhece "deficiências" em sua supervisão e está tomando "medidas para melhorar nosso processo de supervisão nas grandes instituições financeiras complexas que supervisionamos". As informações são da Dow Jones.

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