O Senado dos Estados Unidos aprovou na noite de quinta-feira uma ampla reforma do sistema financeiro norte-americano, após meses de discussões sobre a implantação de regras mais rígidas sobre Wall Street. Segundo analistas, esta é a maior mudança nas regras de bancos e investimentos desde os anos 1930. Por 59 votos a 39, o Senado deu uma vitória ao presidente norte-americano, Barack Obama, que lutava por uma maior regulamentação do mercado de capitais desde a sua posse, que ocorreu meses depois do estouro da crise mundial. A lei do Senado precisa agora ser combinada com a proposta aprovada em dezembro pela Câmara dos Deputados. Só então o pacote final pode ir à sanção de Obama, algo que analistas dizem que pode acontecer no mês que vem. As mudanças propostas feitas por parlamentares ávidos por endurecer com Wall Street antes das eleições ao Congresso em novembro ameaçam restringir a indústria bancária e reduzir seus lucros nos próximos anos.
Obama disse que a versão final responsabilizará as empresas financeiras, mas não sufocará o livre mercado. "No ano passado, a indústria financeira tentou repetidamente interromper essa reforma com hordas de lobistas e milhões de dólares em propaganda, e, quando eles não puderam matá-la, tentaram amenizá-la. Hoje, acho que é justo dizer que esses esforços falharam", disse Obama. "Nós ainda temos algum trabalho a fazer", acrescentou. "A Câmara e o Senado terão de resolver as diferenças entre os dois projetos de lei. E não há dúvida de que, durante esse tempo, a indústria financeira e seus lobistas continuarão lutando." Na votação do Senado, quatro republicanos se alinharam aos democratas na aprovação, enquanto dois democratas votaram contra a lei por achá-la muito tímida.
Atrasos
O senador Christopher Dodd espera que o Senado seja capaz de votar o pacote final das duas Casas até 4 de julho. Os republicanos se esforçaram para atrasar e amenizar a lei ao longo de meses de negociações a portas fechadas e debates abertos, argumentando que ela trata de uma intervenção do governo no setor privado. Manobras de último minuto no Senado eliminaram duas emendas controversas: uma que reforçava as restrições propostas a operações bancárias arriscadas, e outra que isentava de regulação vendedores de carros que não financiassem o próprio empréstimo.