O grupo paranaense Senff entrou no negócio de cartão de crédito para quem não tem conta em banco um tanto por acaso. A venda dos supermercados Parati para a rede Pão de Açúcar, no ano 2000, exigiu o afastamento do ramo supermercadista pelo período de 5 anos. Como o cartão próprio do Parati estava sendo desenvolvido no momento da venda, que foi fechada rapidamente, a tecnologia adquirida foi aproveitada para lucrar com um novo ramo, de onde a empresa não quer mais sair.
A Senff está de olho em um exército estimado em 40 milhões de brasileiros sem conta em banco. São em geral cartões regionais com foco na classe popular que descobriu o fascínio da compra a prazo mas em geral não possui talão de cheques para dar um maço de "pré-datados".
Hoje, cinco mil empresas aceitam os 500 mil cartões de crédito Senff em circulação no Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Destas, 600 são varejistas que emitem o cartão com a sua logomarca. O restante apenas aceita pagamentos. Em parceria com instituições financeiras, a Senff, responsável pela aprovação do crédito do consumidor no momento da confecção do cartão, arca com os prejuízos em caso de inadimplência e lucra com as taxas sobre venda cobradas do varejista.
Outros produtos disponíveis são cartões pré-pagos, como os de refeição, alimentação, farmácia, combustível e vale-presente, que vêm sendo muito usados por empresas para conceder benefícios a funcionários. Entre os clientes estão diversas associações de empregados e prefeituras. "Ouso dizer que, em Campo Largo, somos o cartão mais aceito", diz Werther Liconti, gerente comercial da Senff.
"Este ano ainda vamos lançar a garantia de cheques, para atender qualquer tipo de crédito e nos firmarmos como bandeira", diz Leopoldo Senff, um dos proprietários. O grupo não divulga o faturamento, mas situa o crescimento de 2006 em 30%.
Para o lojista, as vantagens de aderir a um cartão regional são as taxas a partir de 2% do valor da compra (que vão até 20%, de acordo com o risco) e a abertura de informações de hábitos de compra do cliente para o lojista. Para usar a máquina digital que registra as compras é preciso ter acesso à internet banda larga e pagar mensalidade de R$ 60 ao mês. Dentro de seis meses, deve estar disponível a tecnologia para fazer transações via celular, que saem mais barato.
Outra vantagem é que o varejista que faz o cartão de marca própria pode optar por exigir o pagamento do boleto de cobrança de seus clientes na própria loja, e não em bancos. "Para alguns ramos que têm pouca visitação ao ponto de venda, obrigar o cliente a pagar na loja pode significar uma nova venda", defende Liconti, que prestava serviços à rede Parati na implantação de cartões quando ocorreu a venda para o Pão de Açúcar.
Para o consumidor, a vantagem é não pagar anuidade. A taxa é cobrada somente quando o cartão é usado. Empresas como a Calçados Andaraki, os supermercados Big, Mercadorama e Angeloni e os postos de combustíveis RDP aceitam o cartão em Curitiba, que também chegou ao Rio de Janeiro há três anos em parceria com a supermercadista Rede Carioca. A Senff está presente ainda em Santa Catarina, há dois anos, junto com as curitibanas Andaraki, que abriu loja em Joinville e levou o cartão junto, e Sul Center, que tem loja em Florianópolis.