Como medida a curto prazo para sair da grave crise financeira, a Sercomtel iniciou um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para funcionários com mais de 15 anos de serviço na empresa. O presidente da empresa, Christian Schneider, apresentou ontem um balanço de 150 dias à frente da administração e disse que o plano deve trazer uma economia de R$ 900 mil à empresa, em até sete meses. O plano deve contribuir para a empresa chegar até o meio do ano que vem sem dívidas.
"Nossa folha salarial é responsável por 34% da receita líquida da empresa. Em outras empresas do setor, o gasto com pessoal é de 10% a 12%", explica. Isso limitaria, segundo ele, o potencial de investimento da empresa já quase nulo e diminui a competitividade no mercado das telecomunicações. "Pretendemos chegar a 25% da receita, porque temos peculiaridades em relação às outras empresas", afirmou.
"Nunca estivemos tão estáveis"Christian Schneider, presidente da Sercomtel
Qual é a atual situação da Sercomtel com o município e os acionistas?
Nunca estivemos tão estáveis. Não é só estabilidade política, partidária ou pública, e sim de acordo com os acionistas. Pela primeira vez, Copel e município estão dialogando e estruturando o futuro da Sercomtel. É o primeiro sinal de que estamos em um momento de solucionar os problemas da empresa.
Quais são as prioridades?
Estabelecer um equilíbrio financeiro, que a empresa não tem. Essa é uma exigência do órgão regulador (Anatel). Esse equilíbrio se dá com estabilização do caixa. Nos últimos 10 anos, tivemos prejuízos financeiros de mais de R$ 80 milhões e uma perda de patrimônio líquido de R$ 95 milhões. Por isso, depois de 90 dias de prazo dado pelos acionistas, criamos um plano emergencial de reestruturação da empresa, que inclui o desligamento e dissolução das TVs a cabo deficitárias (Adatel). Os leilões das duas deram deserto e, agora, vamos analisar se o caso é de falência ou de liquidação, para evitar mais prejuízos financeiros.
Outro passo seria a reestruturação da própria Sercomtel...
Exato. Só temos duas saídas nesse caso: ou incrementamos a receita ou cortamos custos. Tentaremos as duas coisas, mas, em um mercado competitivo é difícil, teríamos que colocar R$ 1,5 milhão de receita de um mês para o outro. Nossa capacidade de investimento não comporta isso, estamos mais mantendo as operações do que investindo. Em termos de receita, alavancamos algumas, recebemos quase nove mil novos clientes nos últimos meses e conseguimos equilibrar a perda de receita. Se mantivermos isso, está ótimo. Aí começa a reestruturação e diminuição de despesas. Gastamos perto de 35% com pessoal, entre terceirizadas e funcionários públicos. O mercado de telecomunicações opera com 10% a 12%, mas nós não temos como chegar a isso. O ideal é reduzir para 25%, o que pode resultar em R$ 900 mil em economia.
Isso poderia precarizar o serviço da empresa?
Em nenhum momento. Temos padrões a serem seguidos. Hoje, estamos fazendo uma análise da empresa e percebemos que temos "gorduras" para queimar. Esse quadro está na área técnica, com muitos aposentados que continuam trabalhando depois de 25 anos na empresa. Depois, poderemos contratar novos funcionários com salários mais baixos. É a substituição natural da mão de obra. Com esse PDV, conseguiríamos, mantendo as relações, alavancar recursos para investimento.
E quanto à possibilidade da entrada de um novo sócio?
É real, mas é um processo que vem depois da reestruturação da empresa. O mercado de telecomunicações ainda é um mercado atrativo e está em mudança constante. Isso vai depender da capacidade dos acionistas e do mercado brasileiro. Hoje, a Sercomtel tem autorização para operar no estado. Mas depende do rumo que a Sercomtel vai tomar. Essa decisão pode sair este ano, as discussões estão avançadas, mas não vai haver anúncio individual e, sim, combinado entre o município e o governo do estado.
A Sercomtel lançou recentemente dois produtos, um data center para empresas e uma banda ultralarga, que só existe no Rio de Janeiro, fora Londrina. Esses produtos vieram da parceria com a Copel?
Não, são da Sercomtel. O primeiro (data center, o Colocation) tem gastos bem pequenos. O segundo nem tanto, mas ainda assim está dentro dos custos da empresa. Só não podemos falar dos custos disso porque é uma questão estratégica. Desenvolvemos os produtos para conquistar clientes, licitamos os cabos de fibra ótica. A Copel não produz os cabos, ela licita também.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião