A saída para os problemas financeiros da Sercomtel empresa de telefonia estatal que opera em Londrina pode ser a venda de parte das ações para o setor privado, que passaria a administrar a companhia.
A possibilidade, em estudo pelo prefeito Alexandre Kireeff (PSD), não é tratada como uma privatização total, mas como uma alternativa para dar fôlego à empresa sem que o município deixe de ser acionista. Fundada há 45 anos, a estatal só teve lucro operacional duas vezes desde 1996.
A princípio, mesmo com a venda de parte dos 55% de ações que estão no município para a iniciativa privada, a Sercomtel continuaria a ter a prefeitura de Londrina como sócia, ainda que minoritária. A Copel também tem ações na estatal é dona de 45% da empresa.
"Fizemos algumas discussões técnicas a respeito dos possíveis cenários para o futuro da Sercomtel e um dos que chamaram a atenção é tornar a gestão da empresa privada. É um regime diferenciado, que daria mais agilidade e competitividade à empresa", afirma Kireeff.
Somente no ano passado, a empresa perdeu 8,4 mil clientes de telefonia móvel, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Ainda segundo a agência, o número de usuários baixou de 69.507 em 2012 para 61.071 no ano passado. Na telefonia fixa, o rendimento teria sido melhor, com o reforço de 4,5 mil novos clientes, o equivalente a um crescimento de 3%, alcançando a marca de 158.885 linhas.
A Sercomtel, contudo, diz que os números divulgados pela Anatel não estão corretos. "Na telefonia fixa tivemos um crescimento líquido de planta de 10,7%, com 20 mil novos clientes. Foi o nosso maior ano de vendas na telefonia fixa e banda larga", diz o presidente da empresa, Christian Schneider. Ele sustenta que, no caso da telefonia móvel, a empresa não perdeu clientes. Os números de 2013 estariam corretos, mas os do ano anterior não teriam contado com uma limpeza de base, em que as linhas pré-pagas sem uso por seis meses foram cortadas.
Balanço negativo
Schneider adianta que o balanço financeiro da Sercomtel, ainda a ser divulgado, será "extremamente negativo". A situação, explica, é reflexo das medidas adotadas ano passado para reestruturar a estatal. Houve a falência de duas operadoras de tevê a cabo que pertenciam à estatal, a saída de cerca de 150 empregados desde 2012 e fusões de diretorias, mesmo com estabilização do faturamento. "Tudo isso agora vai impactar como perda contábil", antecipa.
O caixa só deve ficar positivo a partir de abril, assinala o presidente. Ainda assim, garantir um resultado melhor para 2014 depende da negociação de mais um aporte financeiro junto aos acionistas, no valor de R$ 15 milhões. Hoje, pontua Schneider, não há como cortar mais despesas com pessoal, como foi feito em 2013. "O que nós ainda vamos ter é um novo estatuto social, com a diminuição de gerências e direções", diz.
Etapas Prefeitura avalia se tem de fazer plebiscito antes de vender ações O presidente da Sercomtel, Christian Schneider, explica que, antes de qualquer medida em relação a uma possível privatização da Sercomtel, é preciso concluir a entrega de ações preferenciais para donos de linhas telefônicas antigas. São cerca de 3,3 milhões de ações. O prazo segue até outubro e é prorrogável por mais um ano. O prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), também se ateve a isso antes de dizer quando o processo de venda de parte da empresa deverá ser aprofundado. Segundo ele, também é preciso fazer uma análise jurídica sobre a necessidade de realizar plebiscito ou não antes de tornar privada a gestão da Sercomtel. Expansão A Sercomtel opera em 63 cidades do Paraná. Segundo Schneider, há planos para entrar em mais 20 municípios até o fim do ano, a partir de uma parceria com a Copel. A possibilidade de expandir a operação apenas com recursos próprios também é estudada, porém está diretamente relacionada a financiamentos. "Hoje, nosso maior problema é o fluxo de caixa", define Schneider. Ele argumenta que quanto mais rápidas forem as tratativas para a liberação do aporte que a estatal necessita, melhor será o encaminhamento para equilibrar as contas e buscar a geração de novas receitas. "Tudo vai depender da nossa capacidade de investimento. É um momento de alavancagem", salienta o presidente.