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Mulheres sauditas conversam por BlackBerrys em um shopping de Riad: criptografia é o problema | Fahad Shadeed/Reuters
Mulheres sauditas conversam por BlackBerrys em um shopping de Riad: criptografia é o problema| Foto: Fahad Shadeed/Reuters

Riad - A Arábia Saudita tornou-se na sexta-feira o primeiro país a suspender o serviço de mensagens do BlackBerry, aparelho questionado por vários países por seu sistema de codificação ultrasseguro, que dificulta a vigilância. Vários usuários afirmaram que não conseguiram usar a função de mensagens em seus celulares desde o meio-dia, apesar de terem usado o serviço durante a manhã. "Parou de fun­­cionar", informou um usuário em Jidá, na costa oeste do país, acres­­centando que seus amigos disseram que algo semelhante ocorria com os aparelhos deles.

A autoridade de regulação das telecomunicações ordenou a suspensão porque a companhia não teria cumprido suas exigências. "A forma com a qual os serviços do BlackBerry são constituídos atualmente não responde aos critérios de segurança da comissão nem às condições de licença", disse então a Comissão de Comunicações e Tecnologia da Informação (CITC).

Os aparelhos telefônicos da canadense Research in Motion (RIM) apresentam, segundo especialistas, um nível de codificação superior à maioria dos smartphones, tornando muito difícil a vigilância de seus usuários.

Riad adiantou-se aos Emirados Árabes Unidos, que tinham anunciado no domingo a suspensão dos principais serviços da BlackBerry a partir de 11 de outubro, pelas mesmas razões. Tanto a Arábia Saudita como os Emirados Árabes censuram o acesso à internet, especialmente aos sites pornográficos e a alguns sites políticos. Na Índia, o governo lamentou a dificuldade de controlar os BlackBerry, e ameaçou também proibir alguns serviços no país.

A suspensão saudita ocorreu um dia depois do anúncio dos Estados Unidos e Canadá de futuras conversas com os países que exigem vigiar melhor os telefones. Durante as conversas, ambos os países mostraram-se dispostos a defender o direito ao uso do Black­Berry. "Somos conscientes de que há inquietações legítimas sobre a segurança. Mas também há um direito legítimo ao acesso à informação", afirmou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.

O porta-voz de Hillary, Philip Crowley, declarou que Washing­ton iniciou um diálogo com Arábia Saudita, Índia e outros países para resolver o problema. Washington também assegurou que contataria a RIM, para ver como unir as necessidades de segurança com as de acesso a informação. No Canadá, o ministro de Comércio Internacio­nal, Peter Van Loan, anunciou conversas com os Emirados Árabes, onde há 500.000 usuários, e com a Arábia Saudita, que conta com 700.000, para encontrar uma "so­­lução construtiva".

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