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Estudo

Serviços de carros autônomos podem aumentar congestionamentos, mas há uma saída

Carros autônomos podem piorar o tráfego dos grandes centros. | SeongJoon Cho/Bloomberg
Carros autônomos podem piorar o tráfego dos grandes centros. (Foto: SeongJoon Cho/Bloomberg)

Enquanto a era dos carros sem motoristas não chega, um novo estudo baseado na cidade de Boston, nos Estados Unidos, sugere que esses veículos podem aumentar os congestionamentos nas áreas centrais na medida em que mais pessoas os adotem através de serviços como a Uber em detrimento do transporte coletivo.

O mesmo estudo também descobriu, no entanto, que os veículos autônomos podem melhorar drasticamente as condições de tráfego nos subúrbios.

O estudo do Fórum Econômico Mundial e do Boston Consulting Group (veja na íntegra, em inglês) é baseado em uma premissa simples, apoiada por 10 meses de pesquisa e uma das análises mais específicas feitas em carros autônomos: como o custo de usar serviços como de transporte individual com carros autônomos diminui, pois as empresas não precisam mais pagar os motoristas, as pessoas que usam o transporte coletivo optarão por serviços que as pegam e deixam nos lugares desejados em vez do ônibus ou do metrô.

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“Se o preço é o mesmo ou apenas um pouco mais caro, e, além disso, eu não tenho que andar até a estação, não tenho que me preocupar em carregar um guarda-chuva, nem em checar horários e baldeações, por que alguém pegaria o trem?”, disse Augustin Wegscheider, um dos autores do relatório.

E por que isso pode causar um aumento de 5,5% nos congestionamentos no centro de Boston? Porque os veículos dos serviços de transporte começarão a substituir os carros particulares.

“Você pode ter menos veículos nas ruas, mas esses veículos estão operando 12 horas por dia”, disse Wegscheider. “O carro médio em Boston funciona cerca de 12 minutos por dia.”

Saídas para o congestionamento

O estudo ressalta, segundo o pesquisador, “que, a menos que você estabeleça as políticas certas para gerenciar ativamente a adoção [de veículos autônomos], o congestionamento pode realmente piorar”.

A resposta, diz o estudo, é que essas políticas devem encorajar as pessoas a compartilharem veículos autônomos fornecidos por empresas.

“Uma das respostas é colocar mais pessoas no carro”, disse Wegscheider. “Se você perguntar aos consumidores, ‘você faria isso?’ eles dizem: ‘Não, eu não vou dividir um carro com estranhos’, mas se custar R$ 5 em vez de R$ 18, eles dizem ‘Ok’.”

A situação será muito diferente na maioria dos subúrbios, segundo o estudo, onde os serviços de transporte de passageiros “substituirão principalmente o uso de carros particulares em vez do transporte coletivo e o tempo de viagem diminuirá em 12,1%”.

“Lá, a troca é que em vez de ficar no trânsito para uma viagem de 16 km, lidar com isso sozinho e pagar R$ 20 para estacionar no centro todos os dias, eu poderia investir esses R$ 20 no serviço e usar o tempo de forma produtiva”, Disse Wegscheider.

E a relação entre o transporte coletivo e os serviços de transporte de passageiros usando carros de passeio, que se aplica em centros urbanos, não vai entupir as ruas suburbanas.

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“Se eu pegar o trem por uma hora por R$ 18, mesmo se o preço do Lyft cair de US R$ 240 para R$ 120 [para a mesma viagem], ainda é uma troca entre R$ 120 e R$ 18”, disse ele. “As pessoas ainda vão andar de trem.”

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