O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio sugere uma inflação pressionada nos próximos meses. A taxa de maio, de 0,37%, representou um resultado melhor que o esperado pelo mercado, mas analistas consideram que o risco para a dinâmica inflacionária continua elevado, talvez até maior do que antes de o ciclo de alta de juros ter sido iniciado em abril, seja pela pressão dos preços de serviços, seja pelas indefinições com relação ao câmbio.
A economista da Rosenberg & Associados, Priscila Godoy, afirma que a desaceleração na taxa mensal pode estar relacionada a características específicas do período, mas os resultados em 12 meses não deixam dúvidas de que "a piora existe e é evidente" . "Embora a variação mensal tenha confirmado as expectativas, há notícias ruins na aceleração em 12 meses tanto em serviços como nos núcleos (da inflação), e essas são medidas de inflação mais rígida."
Segundo ela, o núcleo da inflação - que exclui grandes altas ou quedas de preços, que podem "poluir" o resultado final - é um indicador mais firme da tendência inflacionária. A média dos núcleos, em 12 meses, calculada pela economista, acelerou de 5,99% em abril para 6,22% em maio. A inflação de serviços também subiu, ao passar de 8,13% para 8,50% nos 12 meses, um termômetro da economia aquecida, afirma.
Ontem (7), em Porto Alegre, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, evitou comentar o retorno do IPCA para o teto da meta de 6,5% no acumulado em 12 meses. Tampouco concordou em falar sobre a perspectiva de que o indicador possa romper o limite nas próximas divulgações. Mas comentou que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que trouxe um aumento de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic), já relatara a preocupação do governo com a alta do indicador. "A ata já externa que, no curto prazo, a tendência é de elevação da inflação em 12 meses", disse.
Difusão
O indicador de difusão do IPCA (que calcula o quanto a alta de preços pode estar disseminada entre os produtos), ficou em 63% em maio, ante 65,8% em abril. É a menor taxa desde novembro de 2012, quando ficou em 62,70%, segundo cálculo realizado pelo Besi Brasil. A despeito do arrefecimento do índice de difusão no IPCA, a variação é maior que a apurada no IPCA-15 de maio ( espécie de prévia da inflação), de 61,4%, disse o economista-sênior do banco, Flávio Serrano.
A abertura dos dados do IPCA de maio justifica o tom mais duro do BC com a inflação, para a economista e sócia da Tendências Alessandra Ribeiro, para quem o resultado mostra que o IPCA de maio é ainda "desconfortável". "O quadro não está tranquilo, o que bem justifica esse tom do BC com relação à inflação." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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