Rio de janeiro - Sob impacto da contenção do crédito, do câmbio valorizado, de juros maiores e da consequente freada da indústria provocada por esses fatores, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou expansão de 0,8% no segundo trimestre deste ano, na comparação livre de influências sazonais com o primeiro trimestre, quando a economia havia crescido a um ritmo mais acelerado (1,2%). O PIB representou, em valores correntes, R$ 1,022 trilhão. A tese de desaceleração da economia ganhou um reforço: o PIB do primeiro semestre de 2011 cresceu 3,6% em relação ao mesmo período de 2010 a expansão mais fraca para um primeiro semestre desde 2009, o ano da crise global. Na época, houve recuo de 2,9% em relação a janeiro a junho de 2008.
Um dos pilares de sustentação da economia nos últimos anos, o consumo das famílias cresceu pelo 31.º mês consecutivo, segundo dados do IBGE. De abril a junho, o indicador cresceu 5,5% na comparação com o segundo trimestre de 2010, influenciado pela elevação de 6,5% da massa salarial real e do crescimento de 18,6% nas operações de crédito para pessoas físicas.
O consumo das famílias, no entanto, desacelerou, a exemplo do restante da economia. O desempenho no segundo trimestre foi o menos significativo desde o terceiro trimestre de 2009. Naquele período, o consumo das famílias avançara 4,3%. "O consumo das famílias segue em ritmo crescente, e está absorvendo as importações", comentou a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Ao mesmo tempo, o instituto mediu que o consumo das administrações públicas subiu 2,5% no segundo trimestre, em relação a período correspondente no ano passado. Em relação ao primeiro trimestre, a alta foi de 1,2%. No primeiro semestre, o indicador avançou 2,3%.
Serviços
Com a indústria afetada pela importação de máquinas e equipamentos (leia mais nesta página), o setor de serviços impulsionou a economia brasileira, pela ótica da oferta. Dos setores produtivos, foi o que mais cresceu no segundo trimestre, com alta de 3,4% ante igual período no ano passado, segundo o IBGE. Ainda assim, é o menor avanço notado desde o terceiro trimestre de 2009, quando houve crescimento de 1,5%. A atividade representa 57% do PIB, considerando-se a tradicional divisão entre agropecuária, indústria e serviços, mais impostos.
Os serviços de telefonia móvel e internet puxaram esse resultado. São a principal vertente dentro dos chamados serviços de informação, que cresceram 5,5% de abril a junho, ante o segundo trimestre de 2010. Se observado frente ao primeiro trimestre, os serviços de informação subiram 1,9%. "Os serviços de telefonia são os principais componentes desse segmento. Há um crescimento muito grande dessa área já há algum tempo. São serviços que não sofrem muito com as turbulências", afirmou a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. No acumulado do primeiro semestre, o setor de serviços registra alta de 3,7%, na comparação com os seis primeiros meses em 2010.Indústria tem pior resultado desde 2009
Impactada pelas importações, a indústria brasileira teve o pior desempenho desde a crise econômica mundial, no fim da década passada. O desempenho do setor cresceu 1,7% no segundo trimestre, se comparado ao intervalo de tempo correspondente em 2010, de acordo com dados do IBGE.
Trata-se do pior resultado da indústria desde o terceiro trimestre de 2009. Naquele período, sob forte impacto da turbulência econômica iniciada no ano anterior, a atividade industrial caiu 7,7% em relação a igual período um ano antes. Se comparado com o primeiro trimestre, o desempenho da indústria subiu apenas 0,2%. No acumulado do primeiro semestre, observa-se alta de 3,6%.
A construção civil segue em ascensão, ainda que em ritmo menor. Em relação ao segundo trimestre de 2010, cresceu 2,1%, pior desempenho desde o segundo trimestre de 2009, quando havia sido registrada queda de 8,3%. O principal resultado dentro da atividade industrial foi observado nas produções e distribuições de eletricidade, gás e água, que subiram 3,4% ante o período de abril a junho do ano passado. A indústria extrativa mineral, que engloba as produções de petróleo e de minério de ferro, avançou 2,7% no período. A indústria de transformação teve desempenho mais tímido, com incremento de 1,2%.