Serviços de informação, como a telefonia, foram o grupo que mais cresceu no trimestre; internet móvel impulsionou resultado| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

País fica em penúltimo lugar entre os Brics

Rio de janeiro - A alta de 0,8% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre deste ano ante o trimestre imediatamente anterior foi a terceira melhor variação positiva em uma lista de 15 países selecionados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que também já anunciaram o desempenho de suas economias no mesmo período. No entanto, a alta de 3,1% frente ao segundo trimestre do ano passado coloca o Brasil no penúltimo lugar entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), de acordo com o IBGE.

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Destaque

Classes C, D e E garantem bons resultados para telefonia

Agência Estado

Desde o início do ano, o biólogo Francisco do Amaral Mello já trocou de aparelho celular três vezes. A última aquisição, um iPhone 3GS, foi feita esta semana. Apesar de possuir um smartphone Galaxy 3 em perfeito estado e com apenas três meses e meio de uso, o apelo dos aplicativos do aparelho novo motivou a substituição prematura.

"Como o iPhone5 está para ser lançado, o iPhone3 ficou mais barato e consegui comprá-lo", explicou Mello, que passará o aparelho anterior, recém-importado, para o pai, João do Amaral Mello. O biólogo é um dos consumidores que ajudaram a puxar para cima o desempenho do setor de serviços da informação, subgrupo que mais cresceu no segundo trimestre deste ano ante igual período de 2010.

A ascensão das classes C, D e E está ajudando a turbinar as receitas das operadoras de telefonia. O maior crescimento está vindo da venda de serviços de acesso à internet móvel, em toda a área urbana, incluindo as favelas, afirma Versione Souza, diretor da Vivo. A empresa começou a subir os morros recém-pacificados do Rio em junho para alcançar um público com um potencial de consumo importante para as teles. "É um mercado muito rentável", diz. "Eles estão nos surpreendendo, pois têm um perfil de consumo muito semelhante à média do mercado brasileiro. O plano mais contratado de internet é o de R$ 89, apesar de o mais barato ser de R$ 29", descreve. A empresa começou pelo Complexo da Penha e do Alemão, onde investiu R$ 1 milhão na instalação de antenas. O plano é entrar na Rocinha e na Mangueira nas próximas semanas.

Vilão

Câmbio puxa explosão das importações

Agência Estado

O câmbio valorizado incentivou a recuperação das importações, que crescem em ritmo mais acelerado que o das exportações no país, segundo o IBGE. Tanto as exportações quanto as importações de bens e serviços apresentaram expansão no segundo trimestre ante o primeiro trimestre do ano, de 2,3% e 6,1% respectivamente, após registrarem queda no trimestre anterior (-3,1% e -1,4%).

"Estamos com um volume de importados crescendo mais que o volume das exportações. Em parte, tem a ver com câmbio", disse Rebeca Palis, gerente na Coordenação de Contas Nacionais do IBGE. Segundo o instituto, a taxa de câmbio média no segundo trimestre de 2011 foi de R$ 1,60, enquanto a taxa no segundo trimestre do ano anterior foi de R$ 1,79. Os produtos que mais contribuíram para o aumento das importações foram máquinas e equipamentos – que inclusive impulsionaram o resultado da Formação Bruta de Capital Fixo –, indústria automotiva, minerais não metálicos, produtos químicos, e têxteis e vestuário.

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Rio de janeiro - Sob impacto da contenção do crédito, do câmbio valorizado, de juros maiores e da consequente freada da indústria provocada por esses fatores, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou expansão de 0,8% no segundo trimestre deste ano, na comparação livre de influências sazonais com o primeiro trimestre, quando a economia havia crescido a um ritmo mais acelerado (1,2%). O PIB representou, em valores correntes, R$ 1,022 trilhão. A tese de desaceleração da economia ganhou um reforço: o PIB do primeiro semestre de 2011 cresceu 3,6% em relação ao mesmo período de 2010 – a expansão mais fraca para um primeiro semestre desde 2009, o ano da crise global. Na época, houve recuo de 2,9% em relação a janeiro a junho de 2008.

Um dos pilares de sustentação da economia nos últimos anos, o consumo das famílias cresceu pelo 31.º mês consecutivo, segundo dados do IBGE. De abril a junho, o indicador cresceu 5,5% na comparação com o segundo trimestre de 2010, influenciado pela elevação de 6,5% da massa salarial real e do crescimento de 18,6% nas operações de crédito para pessoas físicas.

O consumo das famílias, no entanto, desacelerou, a exemplo do restante da economia. O desempenho no segundo trimestre foi o menos significativo desde o terceiro trimestre de 2009. Naquele período, o consumo das famílias avançara 4,3%. "O consumo das famílias segue em ritmo crescente, e está absorvendo as importações", comentou a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Ao mesmo tempo, o instituto mediu que o consumo das administrações públicas subiu 2,5% no segundo trimestre, em relação a período correspondente no ano passado. Em relação ao primeiro trimestre, a alta foi de 1,2%. No primeiro semestre, o indicador avançou 2,3%.

Serviços

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Com a indústria afetada pela importação de máquinas e equipamentos (leia mais nesta página), o setor de serviços impulsionou a economia brasileira, pela ótica da oferta. Dos setores produtivos, foi o que mais cresceu no segundo trimestre, com alta de 3,4% ante igual período no ano passado, segundo o IBGE. Ainda assim, é o menor avanço notado desde o terceiro trimestre de 2009, quando houve crescimento de 1,5%. A atividade representa 57% do PIB, considerando-se a tradicional divisão entre agropecuária, indústria e serviços, mais impostos.

Os serviços de telefonia móvel e internet puxaram esse resultado. São a principal vertente dentro dos chamados serviços de informação, que cresceram 5,5% de abril a junho, ante o segundo trimestre de 2010. Se observado frente ao primeiro trimestre, os serviços de informação subiram 1,9%. "Os serviços de telefonia são os principais componentes desse segmento. Há um crescimento muito grande dessa área já há algum tempo. São serviços que não sofrem muito com as turbulências", afirmou a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. No acumulado do primeiro semestre, o setor de serviços registra alta de 3,7%, na comparação com os seis primeiros meses em 2010.Indústria tem pior resultado desde 2009

Impactada pelas importações, a indústria brasileira teve o pior desempenho desde a crise econômica mundial, no fim da década passada. O desempenho do setor cresceu 1,7% no segundo trimestre, se comparado ao intervalo de tempo correspondente em 2010, de acordo com dados do IBGE.

Trata-se do pior resultado da indústria desde o terceiro trimestre de 2009. Naquele período, sob forte impacto da turbulência econômica iniciada no ano anterior, a atividade industrial caiu 7,7% em relação a igual período um ano antes. Se comparado com o primeiro trimestre, o desempenho da indústria subiu apenas 0,2%. No acumulado do primeiro semestre, observa-se alta de 3,6%.

A construção civil segue em ascensão, ainda que em ritmo menor. Em relação ao segundo trimestre de 2010, cresceu 2,1%, pior desempenho desde o segundo trimestre de 2009, quando havia sido registrada queda de 8,3%. O principal resultado dentro da atividade industrial foi observado nas produções e distribuições de eletricidade, gás e água, que subiram 3,4% ante o período de abril a junho do ano passado. A indústria extrativa mineral, que engloba as produções de petróleo e de minério de ferro, avançou 2,7% no período. A indústria de transformação teve desempenho mais tímido, com incremento de 1,2%.

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