Trabalhador de retífica de motores.| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo
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A pandemia tirou o trabalho de mais de 8 milhões de brasileiros em um ano. Por outro lado, o rendimento médio dos que continuaram ocupados aumentou nesse mesmo período. É o que mostram as estimativas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.

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Essa é a fotografia do "todo". Mas ela é cheia de nuances.

Uma delas é que esse crescimento nos ganhos mensais verificado entre o início de 2020 e de 2021 não chegou a todas as categorias. Em seu conjunto, funcionários de empresas privadas e do poder público estão recebendo mais que um ano atrás. Porém, trabalhadores autônomos, domésticos e empregadores estão ganhando menos.

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Além disso, esse aumento da renda geral dos ocupados não foi retilíneo. Ela vinha crescendo desde o quarto trimestre de 2019 e se manteve em alta até o terceiro trimestre de 2020, mas passou a cair de outubro em diante, tanto em valores absolutos quanto em termos reais (isto é, descontada a inflação).

Em outras palavras: nos últimos meses está pingado menos dinheiro na conta do trabalhador, e ao mesmo tempo o forte avanço dos preços está corroendo mais rápido o poder de compra desse dinheiro.

Confira a seguir como foi o comportamento do nível de emprego da renda para diferentes categorias de trabalhadores, sempre de acordo com as estimativas da Pnad Contínua. Os valores dos gráficos e textos a seguir são todos corrigidos pela inflação.

1. Todos os trabalhos

Segundo a edição mais recente da Pnad Contínua, 86 milhões de pessoas estavam ocupadas no trimestre móvel encerrado em janeiro (que engloba os meses de novembro e dezembro de 2020 e janeiro de 2021). São 8,1 milhões a menos que no mesmo período do ano passado, o que corresponde a uma queda de 9% no total de ocupados.

Esse tombo foi provocado basicamente pela pandemia de coronavírus. Governos locais determinaram a interrupção de atividades, e iniciativas espontâneas de isolamento social também reduziram os ganhos de muitos profissionais, em especial autônomos.

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Mas, no geral, a renda dos ocupados aumentou. Em janeiro de 2020, ela era de R$ 2.466 por mês, em média, em valores corrigidos pela inflação. Um ano depois, chegou a R$ 2.521, o que corresponde a um ganho real de 2,2%.

O porém é que a renda média já foi mais alta que isso. Em setembro de 2020, no seu melhor momento, ela chegou a R$ 2.638. E passou a cair na sequência.

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2. Setor privado

O emprego em empresas privadas diminuiu drasticamente, segundo a Pnad Contínua, mas a média salarial avançou em termos reais.

Em valores corrigidos pela inflação, o rendimento médio dos empregados com carteira assinada, que era de R$ 2.311 por mês no trimestre encerrado em janeiro de 2020, chegou ao pico de R$ 2.399 em maio, mas na sequência recuou, chegando a R$ 2.353 em janeiro de 2021. Apesar da queda nos últimos meses, o valor mais recente ainda é 1,8% maior que o de um ano antes.

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Segundo a pesquisa, o número de empregados formais no setor privado despencou de 33,7 milhões para 29,8 milhões em um ano. Uma tendência oposta à verificada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, que registrou aumento no total de ocupados no mesmo período. Segundo analistas, essa discrepância pode estar relacionada a diferenças de metodologia e também dificuldades de coleta geradas pela pandemia.

O emprego informal no setor privado – isto é, sem registro em carteira – também encolheu, segundo a Pnad Contínua. O total de ocupados nessa condição caiu de 11,7 milhões para 9,8 milhões entre os trimestres encerrados em janeiro de 2020 e de 2021. O rendimento médio, enquanto isso, aumentou 3,9% em termos reais, de R$ 1.537 para R$ 1.597 por mês, com pico de R$ 1.738 em julho de 2020.

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3. Setor público

No setor público, a Pnad Contínua registra aumento tanto no número de ocupados quanto no rendimento dos estatutários e militares.

Em um ano, o total de empregados nessa condição – na União, estados e municípios – subiu de 8 milhões para 8,8 milhões. E o rendimento médio mensal, em valores atualizados, aumentou 0,6%, de R$ 4.462 para R$ 4.490, com pico de R$ 4.614 em setembro de 2020.

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A pesquisa do IBGE também levantou a situação dos funcionários não estatutários, com e sem carteira assinada.

O número de empregados do setor público com carteira assinada teve leve recuo. No trimestre encerrado em janeiro de 2021, 1,14 milhão de pessoas estavam nessa situação, cerca de 50 mil a menos que um ano antes. Nesse intervalo, o rendimento médio caiu 1,3% em termos reais, para R$ 4.043 ao mês.

Enquanto isso, o total de ocupados sem carteira assinada baixou de 2,4 milhões para 2,1 milhões. E o rendimento médio ficou praticamente estável, chegando a R$ 2.130 por mês em janeiro de 2021.

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4. Trabalhadores domésticos

O emprego doméstico está entre os mais prejudicados pela pandemia. Caiu tanto o número de ocupados quanto o rendimento médio.

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Em um ano, o número de domésticos com carteira assinada baixou de 1,7 milhão para 1,3 milhão, e o rendimento dessa categoria diminuiu 3,1%, para R$ 1.296 mensais no trimestre encerrado em janeiro de 2021.

O total de domésticos sem carteira, por sua vez, caiu de 4,5 milhões para 3,6 milhões. O rendimento médio deles também caiu 3,1% no período, chegando a R$ 777 por mês – menos de um salário mínimo.

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5. Conta própria

Uma das poucas categorias que cresceu no último ano foi a dos trabalhadores por conta própria com CNPJ. Eles eram 5,2 milhões no início de 2020 e passaram a 5,5 milhões um ano depois. O rendimento médio desse grupo, no entanto, diminuiu 4,7% no período, para R$ 3.116 mensais no levantamento mais recente.

O número de profissionais por conta própria sem CNPJ diminuiu de 19,3 milhões para 18 milhões. O rendimento médio dessa categoria recuou 0,5% em termos reais, chegando a R$ 1.409 mensais no trimestre encerrado em janeiro de 2021.

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6. Empregadores

A renda dos empregadores teve forte oscilação. Aqueles com CPNJ, que ganhavam em média R$ 6.853 por mês no início de 2020, alcançaram rendimento de R$ 7.560 em setembro, mas nos meses seguintes esse rendimento despencou, chegando a R$ 6.613 mensais em janeiro de 2021 – 3,5% a menos que um ano antes.

A renda média dos empregadores sem CNPJ, por sua vez, caiu R$ 5,8% em um ano. Era de R$ 3.891 mensais no trimestre encerrado em janeiro de 2020 e chegou a R$ 3.664 um ano depois, mas nesse intervalo passou por um pico de R$ 4.376 em maio de 2020.

A categoria também ficou menos numerosa. O total de empregadores com CNPJ passou de 3,6 milhões para 3,2 milhões em um ano. E o contingente de empregadores sem CNPJ baixou a 667 mil no trimestre encerrado em janeiro de 2021, cerca de 135 mil a menos que no começo de 2020.

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