Cerca de 290 funcionários da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) que não foram vinculados à Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), criada no fim do ano passado, entram em greve hoje, por tempo indeterminado. Esses funcionários, que representam um terço do quadro da Seab, reivindicam a gratificação adicional, já que os 640 servidores do Departamento de Fiscalização (Defis) lotados na nova agência recebem, desde janeiro, um adicional de atividade.
De acordo com a comissão de negociação, a gratificação adicional foi prometida pela secretaria estadual em junho de 2011, quando teve início o processo de criação da Adapar, para compensar os servidores que ficariam de fora. Desde então, apesar das reivindicações, o processo não se concretizou. Hoje, a questão está na Procuradoria Geral do Estado aguardando parecer.
Entre os trabalhadores que vão cruzar os braços, parte está lotada nos 21 núcleos regionais espalhados pelo interior e parte nos departamentos considerados chaves no órgão na capital. "Muitos servidores de setores administrativos vão parar e haverá impacto em vários serviços ofertados pela secretaria", diz Carlos Hugo Godinho, coordenador da Divisão de Estatísticas da Seab e integrante Comissão de Negociação Estadual (CNE).
Com a greve, o levantamento de informações diárias e de séries históricas será suspenso. Também existe o risco de convênios entre a Seab e prefeituras não saírem do papel. Outro reflexo pode ser o atraso na distribuição do ICMS agrícola pelo estado. A campanha de vacinação contra a febre aftosa, que termina na quinta-feira, não deve ser afetada.
Proposta do governo
A greve pode ser curta. De acordo com o secretário Norberto Ortigara, uma proposta será apresentada aos grevistas ainda na manhã de hoje. A proposta é incorporar no salário dos trabalhadores a gratificação recebida desde 2002 como encargo especial. Além disso, o valor, congelado desde a criação, seria reajustado em 35,18%, mesmo porcentual que os servidores receberam de aumento nos últimos dez anos.