Servidores administrativos do Ministério do Trabalho optaram por encerrar uma das maiores greves da história do setor a paralisação já durava cinco meses. Uma assembleia estadual realizada ontem decidiu que os serviços no Paraná devem ser normalizados na próxima segunda-feira, dia 4 de outubro. Os prejuízos à população começam a ser contabilizados: somente em Curitiba, estima-se que pelo menos 20 mil atendimentos deixaram de ser realizados no período.
As negociações naufragaram logo no primeiro mês da greve, quando o caso foi levado à Justiça. Após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), 50% dos funcionários tiveram de voltar ao trabalho. "Além da determinação do STJ, houve equívocos do comando nacional ao levar a greve para a Justiça. Isso não se resolve em tribunal, e sim pelo enfrentamento com o governo federal", disse o diretor da Federação Nacional dos Servidores em Previdência de Saúde e Previdência Social, Gilberto Felix da Silva Junior.
Na semana passada, a categoria sofreu outro revés no STJ: o tribunal determinou que os trabalhadores reponham financeiramente os dias que não foram trabalhados, mas foram recebidos. "O que aconteceu foi uma baita derrota. Não conseguimos nada e teremos de pagar dias parados. O único ganho foi a união da categoria", analisou. O próprio sindicalista calcula, porém, que a adesão ficou entre 75% e 80%.
As conversações com o governo também não evoluíram. A categoria pedia plano de carreira específico para impedir sucateamento dos serviços, e o fim da ingerência política no ministério. "A proposta dada pelo governo foi 'voltem a trabalhar'", afirmou Silva Junior. No dia 23, em Goiás, uma assembleia nacional de grevistas aprovou um indicativo de suspensão de greve, que foi acatado ontem pelos trabalhadores paranaenses.
Prejuízos
Além da emissão da carteira de trabalho, a liberação do seguro-desemprego também foi prejudicada durante a greve, período em que metade do efetivo atuou nas regionais do ministério. Em Curitiba, o atendimento foi reduzido em 75%. O superintendente do Ministério Público na capital, Elias Martins, disse não ter sido informado sobre o fim da greve e confirmou os prejuízos aos trabalhadores, mas não informou números do período.
O comando de greve não assumiu a responsabilidade pelo atraso nos serviços, alegando que a paralisação apenas acentuou um problema que já existia. "A demora na emissão das carteiras sempre existiu. O que atrapalha é a burocracia em Brasília. Isso é crônico no ministério, no país inteiro. Leva de 90 a 130 dias para liberar o seguro. Se sair em 90 dias, você pode soltar foguete", disse Silva Junior.
Em Foz do Iguaçu, o pedreiro Alvori Shilling estava pela quarta vez na agência do ministério em busca da segunda via de sua carteira de trabalho. As visitas foram uma constante em setembro, mas somente agora Shilling descobriu que sua carteira não foi emitida porque o nome do pai tinha um erro de digitação. "Todo mundo no trabalho está registrado, menos eu. Posso perder meu emprego pela falta da carteira", reclamou.
A assistente de serviços gerais Ivete Ramon Cecon está há dois meses aguardando a liberação do seguro-desemprego. "Dei entrada e fiz tudo certinho, mas ainda não recebi nenhuma parcela", contou. Ivete buscou informações sobre como deveria proceder no Sine-Agência do Trabalhador em Foz do Iguaçu, mas foi informada de que o serviço não estava disponível.
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