O setor aéreo pediu na sexta-feira aos governos que apressem a definição das novas regras globais para a emissão de carbono, de modo a evitar o caos resultante da superposição de sistemas conflitantes.
Executivos de companhias aéreas, aeroportos, órgãos do tráfego aéreo e fábricas de aviões também pediram mais cooperação dos Estados e das empresas de energia na sua iniciativa de alcançar metas ambientais.
O apelo foi feito a poucos dias de uma reunião dos países membros da Organização Internacional da Aviação Civil (OIAC, um órgão da ONU), de 28 de setembro a 8 de outubro em Montreal, no Canadá.
O texto dirigido à entidade diz que só "um marco global para limitar e reduzir as emissões da aviação" poderá permitir ao setor cumprir a sua promessa de controlar até 2020 as emissões de gases do efeito estufa pelos aviões.
Os dirigentes pediram que os governos definam as novas regras antes da conferência climática do final do ano em Cancún, no México.
Durante uma conferência de dois dias em Genebra sobre aviação e meio ambiente, delegados de todos os setores da aviação disseram que sua meta de ampliar a eficiência de combustível em 1,5% ao ano ao longo da próxima década ficará ameaçada se os países da OIAC não chegarem a um acordo.
Eles argumentaram que o esquema de créditos de carbono que vigora há cerca de cinco anos na União Europeia, e que é muito contestado pelo setor e por governos de fora da Europa, demonstra o perigo de medidas unilaterais.
O setor teme que a propagação desses sistemas, e também de impostos ditos "ambientais", mas na verdade usados para engordar os orçamentos nacionais, poderá prejudicar a aviação e "afetar adversamente a economia mundial como um todo."
A aviação, atividade responsável por cerca de 2% das emissões globais de carbono, merece um status especial na pauta da conferência de Cancún, permitindo que seja tratada à parte de um eventual acordo climático global.
Mas isso só valerá se o setor chegar a Cancún com apoio dos governos para um plano de controle das emissões, o que significa ter o aval da OIAC.
Giovanni Bisignani, presidente da Iata, entidade setorial das companhias aéreas, queixou-se durante a conferência da falta de apoio ao desenvolvimento de combustíveis alternativos ao querosene de aviação.
"Os governos investiram ninharias, e as empresas de petróleo ainda menos", afirmou. "Os biocombustíveis poderiam acabar com a tirania do petróleo e tirar milhões de pessoas da pobreza, além de fornecer uma fonte sustentável de combustível para a aviação."