Curitiba Apesar de aparentemente tímida, a expectativa do setor automotivo de crescer 2,5% em 2006 é considerada positiva por empresários. No próximo ano, o Brasil deve produzir 2,55 milhões de automóveis em torno de 100 mil a mais que 2005 e ocupar 80% da sua capacidade instalada de produção. "O ano de 2004 foi muito bom, o câmbio estava favorável e as empresas fizeram investimentos. Apesar da desvalorização do dólar, este ano veio no embalo do anterior e por isso atingimos um alto patamar de produção e venda", diz o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Paraná (Sindimetal-PR), Roberto Karam. "Ou seja, é um número bastante expressivo considerando que já partimos de uma base bastante elevada de comparação." Os dados foram apresentados ontem durante o seminário Paraná Automotivo Perspectivas 2006, promovido pelo Sindimetal em parceria com a revista AutoData.
No entanto, segundo Karam, um cenário mais ou menos positivo no próximo ano vai depender da capacidade das indústrias de se adaptar ao novo câmbio. Para ele, a baixa cotação da moeda americana pode significar uma ameaça à saúde financeira de algumas linhas de produção. Uma das experiências citadas no evento é a da Volkswagen. Parte da produção do Fox, destinada ao mercado externo, é feita numa linha de montagem em São Bernardo (SP), projetada para operar com cotação de R$ 2,80 segundo o editor da AutoData, Fred Carvalho. "Essa nova relação de custo e receita vai, sem dúvida, ser discutida pela direção mundial da empresa e corremos o risco que seja mais vantajosa uma mudança para o Leste Europeu, por exemplo." A Volkswagen não confirma a informação e não quis comentar o assunto.
Por outro lado, a Renault anunciou recentemente que pretende reduzir a ociosidade da sua fábrica em São José dos Pinhais. Uma das estratégias foi trazer para a unidade a produção do novo Megane, que chega ao mercado em março. Cerca de 20 mil automóveis devem ser produzidos anualmente. Em 2007, o novo carro da montadora, o Logan, também deve ser produzido no Paraná. Com os planos, a companhia quer recuperar a queda de 3% a 4% nas vendas registrada neste ano.