A forte crise pela qual passa a indústria automotiva brasileira já afeta intensamente o segmento de autopeças no País. O faturamento líquido do setor acumula queda de 14,73% no primeiro quadrimestre de 2015 em comparação com igual período do ano passado, mostra pesquisa do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) com dados de 64 empresas associadas. Essa retração é reflexo principalmente da queda de 22,63% nas vendas de peças para as montadoras - responsáveis pela maior participação no faturamento total do setor -, como resultado do forte recuo da produção de veículos no período.
Nesse cenário, as vendas de peças para montadoras vêm diminuindo sua representatividade no faturamento geral. Em abril, eram responsáveis por 60,2%, quase oito pontos porcentuais a menos do que em maio do ano passado (67,9%). Com queda acumulada de 21,05% no primeiro quadrimestre, as vendas de autopeças intrassetoriais também reduziram sua participação no faturamento total para 2,9% em abril deste ano, ante 3,1% em maio de 2014. Na contramão, os segmentos de reposição e exportações de peças, únicos a apresentar dados positivos de vendas no período, aumentaram sua representatividade no faturamento total de 14,5%, em ambos os casos, para 16,9% e 20%, respectivamente.
Com queda nas vendas, o nível de emprego do setor de autopeças também é afetado. No primeiro quadrimestre, recuou 10,61% em relação a igual período de 2014. Só em abril, a queda foi de 11,72% em relação ao mesmo mês do ano passado, a maior retração desde abril 2013, último dado trazido pelo levantamento do Sindipeças. A pesquisa mostra que a evolução do emprego no setor vem caindo desde março de 2014. Antes disso, a última queda na comparação anual tinha sido registrada em abril de 2013, de apenas 0,01%. A pesquisa não divulga números exatos de trabalhadores que foram demitidos nesse período, apenas os porcentuais do nível de emprego.
Ociosidade
De janeiro a abril deste ano, a produção industrial de autopeças acumula queda de 11,55%, ainda menor do que o recuo de 21,29% da produção de veículos, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal de Pessoa Física (PIM), do IBGE. Com a queda na produção, a capacidade ociosa das fábricas de autopeças aumentou 4,35 pontos porcentuais nos cinco primeiros meses deste ano, atingindo 33,1% em abril. Dados do Relatório da Pesquisa Conjuntural do Sindipeças mostram que a ociosidade vem superando os 30% desde abril do ano passado, sequência interrompida apenas em outubro do ano passado, quando ficou o nível ficou em 29,9%.
Os dados negativos levaram a Tendências Consultoria Integrada a revisar para baixo a projeção para produção de autopeças em 2015. A consultoria estima agora que a fabricação de componentes vai recuar 5,9% neste ano ante 2014, ante previsão anterior de recuo de 3,1%. Segundo a Tendências, a revisão foi motivada pelas medidas de corte de produção de veículos adotadas pelas montadoras, as quais têm se mostrado insuficientes para diminuir os estoques, que se mantêm em torno de 50 dias de vendas até maio. Na avaliação da consultoria, isso mostrando que a queda da demanda por veículos “ainda surpreende negativamente”.
Pneus
Assim como o setor de autopeças, outros integrantes da cadeia produtiva também têm sido afetados pela queda na produção de veículos. A venda de pneus às montadoras, por exemplo, caíram 21,5% no primeiro quadrimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto as exportações recuaram 13,5%. Apenas o mercado de reposição de pneus se manteve em alta (10,9%) no período. Os números da Associação Nacional da Indústria de Pneus (Anip). Com essa retração nas vendas, as três principais fabricantes de pneus no Brasil - Brigdestone, Michelin e Pirelli - adotaram ou vão adotar em breve medidas de corte de produção.
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