Enquanto a Petrobras reduz seus investimentos, afetando o desenvolvimento do setor de óleo e gás no Brasil, as atenções se voltam agora para a possibilidade de mudança regulatória. Uma das promessas aguardadas pelas petroleiras é a votação do projeto de Lei 131 esta semana na Câmara dos Deputados, que retira da estatal a obrigação de ser operadora única e de ter 30% nos blocos no pré-sal.
Sem essa mudança regulatória, o país, diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro), José Firmo, dificilmente vai atrair novos investimentos.
Em 2020, o Brasil poderá investir US$ 15 bilhões por ano na exploração e produção de petróleo (E&P) com 25 sondas em operação, perfurando 27 poços exploratórios em apenas 210 blocos em concessão. Um nível de atividade de volta aos anos 70. Esse quadro, feito pela Abespetro, leva em conta a projeção do nível da atividade se não ocorrerem novas rodadas de licitações. “A indústria do petróleo é como se fosse uma caixa de engrenagem onde todos os componentes precisam estar funcionando. Não adianta fazer rodada e não ter licenciamento ambiental para fazer a sísmica.”
Outro ponto de preocupação do setor é a queda no nível de investimento. Em 2013 foram destinados cerca de US$ 35 bilhões em exploração e produção com a utilização de 71 sondas no país. O número de recursos caiu para US$ 22 bilhões neste ano, com 35 sondas em operação. Assim, sem a retomada do calendário de leilões, são previstos investimentos de US$ 15 bilhões por ano entre as empresas do setor.
O número de blocos exploratórios sob concessão caíram de um total de 500 em 2008, para 336 neste ano, podendo chegar em 2020 a apenas 210. Segundo a Abespetro, o número de poços exploratórios caiu de 150, em 2013, para 57 neste ano. As projeções indicam que pode haver um recuo para apenas 27 poços em 2020.
O setor chegou a ter quase um milhão de trabalhadores em 2012, e hoje caiu para 557 mil. E a estimativa da Abespetro é que, sem o incremento das atividades no setor, poderão se perder 510 mil empregos até 2020. “Nós estamos colhendo aquilo que plantamos na última década, só que não estamos construindo a produção da próxima década. É preciso estimular a indústria com rodadas com blocos de boa qualidade, não podemos ter rodada sem o Repetro (regime aduaneiro que vence em 2019) e tem que se resolver os impasses sobre o conteúdo local. O trabalho do governo é conseguir fazer com que todas essas engrenagens ao mesmo tempo comecem a girar”, diz Firmo.