Executivos do setor de saneamento preveem que as tarifas de água e esgoto em todo o País serão reajustadas em 2015, mas não por impacto da crise hídrica, mesmo diante da necessidade de investimentos adicionais. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela consultoria Pezco Microanalysis e obtida com exclusividade pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

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Segundo o levantamento feito entre dezembro de 2014 e março de 2015 com 134 profissionais do setor em todas as regiões do País, 47% dos consultados preveem reajuste real das tarifas este ano, enquanto 42% esperam correção pela inflação e somente 11% acreditam em um ajuste igual ou abaixo da inflação. Ou seja, para a maior parte dos executivos do setor, o reajuste não está ligado à crise hídrica. Somente 8,5% dos profissionais enxergam um impacto significativo desse motivo sobre as tarifas.

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No bloco majoritário, dos que não enxerga esse impacto, há duas vertentes. Quem não acredite em elevação de tarifas, mesmo que os custos aumentem, por causa da “pressão social” (46,9%), e outro que não vê tarifas maiores em função de “ganhos de eficiência operacional”, que virão com mais esforços de redução de perdas e melhor uso dos recursos captados (42,3%).

“A perspectiva de um aumento real das tarifas favorece investimentos no setor”, avalia o economista Frederico Turolla, que conduziu a pesquisa na Pezco. Nos segmentos de água e esgoto, a maioria dos executivos espera aumento dos investimentos - 51% e 53,1%, respectivamente.

No entanto, uma parcela deles acredita que as companhias vão investir menos este ano. Segundo a pesquisa, 14,1% preveem menos investimentos em água e 17,2%, em esgoto. De acordo com Turolla, a dificuldade de obter crédito devido à situação fiscal do País e à Operação Lava Jato, da Polícia Federal, explica a possível freada de alguns investimentos.

Enquanto as companhias de saneamento em geral enfrentam a dificuldade de crédito, concessionárias públicas sentem também o peso da crise hídrica sobre as finanças. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por exemplo, prevê queda de 26% nos investimentos em 2015, para R$ 2,4 bilhões. Além disso, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) informou na última semana que vai revisar para baixo o plano de investimentos de R$ 889 milhões para este ano, divulgado ao mercado no fim do ano passado.

Financiamento

A pesquisa conduzida pela consultoria aponta ainda que, de maneira geral, os executivos esperam um cenário mais apertado para o financiamento do setor neste ano. A maioria deles acredita que a queda principal será no financiamento público, mais do que em títulos e dívidas e multilaterais (financiamento estrangeiro).

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Por outro lado, a abertura de capital e as tarifas foram os itens citados como os que representam maior expectativa de aumento de financiamento, o que indica que abrir o capital ainda é uma alternativa para algumas companhias. “A pesquisa mostra aumento da percepção de que os recursos públicos ficarão mais escassos para saneamento neste ano. Entretanto, no mercado de capitais, a percepção dos agentes sobre o financiamento não se deteriorou como em outros segmentos da infraestrutura”, afirma Jorge Dietrich, consultor da Pezco.

A abertura de capital já foi almejada, por exemplo, pela CAB Ambiental, braço de saneamento do Grupo Galvão, que pediu recuperação judicial na semana passada. No entanto, a companhia cancelou sua oferta inicial de ações em 2011, após ter recebido ofertas abaixo da faixa esperada. “O valor atrativo e o cenário macroeconômico atual favorecem essa percepção de abertura de capital agora”, avalia Turolla.