A receita nominal do setor de serviços registrou crescimento de 1,1% em maio frente a igual mês do ano anterior, anunciou nesta quinta-feira (16) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado de maio passou a ser o segundo menor da série histórica iniciada em janeiro de 2012, atrás apenas do 0,9% de fevereiro. Pelos dados do IBGE (que não levam em conta a inflação), no ano, a taxa acumulada atingiu 2,3%. Em 12 meses, a alta é de 3,8%.
INFOGRÁFICO: veja a variação da receita do setor de serviços nos últimos anos
Três dos cinco segmentos pesquisados registraram variações positivas: serviços profissionais, administrativos e complementares (5,5%); transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,8%); e outros serviços (0,3%). Já serviços prestados às famílias (-1,4%) e serviços de informação e comunicação (-0,8%) registraram variação negativa.
A forte retração no rendimento médio dos trabalhadores é a principal razão por trás da intensa deterioração dos serviços prestados às famílias, segundo Roberto Saldanha, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. A queda nominal no faturamento do segmento em maio foi a primeira desde o início da série histórica.
De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego, também do IBGE, o rendimento médio real dos brasileiros encolheu 5% em maio ante maio de 2014. “É uma queda no poder aquisitivo da população que se reflete nesses serviços que envolvem alojamento, alimentação e serviços pessoais. Os brasileiros estão comendo menos fora de casa e viajando menos”, explicou.
Saldanha disse ainda que há um efeito base, diante dos resultados excepcionalmente favoráveis em maio e junho do ano passado em função da maior demanda por serviços às vésperas da Copa do Mundo. Mesmo assim, a queda na renda prevalece e a receita do setor encolheu 1,4% na comparação interanual.
Serviços de engenharia
Os gastos com consultorias, publicidade e propaganda e serviços de engenharia seguem na lista de cortes dos governos, tanto federal quanto estaduais, e provocam o encolhimento cada vez mais intenso no faturamento dos serviços técnico-profissionais.
“Tudo tem a ver com o ciclo da economia, são governos que cancelam projetos. Tudo tem a ver com cortes orçamentários, controle de gastos, e isso se reflete em menos contratações de serviços”, acrescentou. Um ponto desfavorável, contudo, é que essa parcela dos serviços é justamente a mais qualificada e “intensiva em conhecimento”, destacou o órgão.
Em maio, a receita nominal dos serviços técnico-profissionais caiu 3,7%. Por outro lado, o faturamento dos serviços administrativos e complementares cresceu 8,9%, muito acima da média do setor de serviços (1,1%) no mês.