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Energia

Setor elétrico não sai do vermelho

Volume de água nos reservatórios de usinas como a de Furnas, em São José da Barra (MG), continua crítico, mas risco de racionamento de energia está afastado, por enquanto | Paulo Whitaker/Reuters
Volume de água nos reservatórios de usinas como a de Furnas, em São José da Barra (MG), continua crítico, mas risco de racionamento de energia está afastado, por enquanto (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)

As chuvas intensas das últimas semanas na Região Sul afastaram o risco de racionamento neste ano, mas não amenizam a crise financeira do setor elétrico. O rombo das distribuidoras deve passar de R$ 30 bilhões até o final deste ano e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já fala em um novo empréstimo para socorrer as empresas. A nova previsão é de que sejam aportados até R$ 3 bilhões para cobrir os gastos com a energia que as distribuidoras não conseguiram contratar nos leilões oficiais (15% da demanda, em média) e com o acionamento das térmicas a partir de junho.

A bola de neve que deixou o setor no vermelho começou no início de 2013, quando o governo negociou com algumas empresas a antecipação dos contratos de concessão que venceriam entre 2015 e 2017 com o objetivo de baixar a tarifa de energia em quase 20%.

O problema é que isso aconteceu no momento em que o custo da energia começou a subir por causa do acionamento das usinas térmicas, pressionando o caixa das distribuidoras. Com a sinalização de uma energia mais barata, o consumidor passou a consumir mais.

Desde então, o governo passou a socorrer as distribuidoras com aportes do Tesouro Nacional. Em 2013, foram R$ 10 bilhões para compensar o custo das térmicas, que geram uma energia mais cara. Neste ano, só até abril foram quase 14 bilhões – R$ 11,2 bilhões via empréstimo com dez bancos. O problema se agrava na medida em que a maioria das distribuidoras que já teve reajuste neste ano não conseguiu repassar na tarifa o custo da energia comprada nos leilões oficiais, por exemplo.

Sem campanha

"O governo continua evitando uma política de racionamento do consumo. Ao fazer esse tipo de aposta, está depreciando os reservatórios e empurrando o risco para 2015, quando campanhas de economia de energia podem não surtir efeito", diz o diretor executivo da Excelência Energética, Erik Eduardo Rego.

Além disso, o rombo do setor é real e desconfortável, afirma Luciano Losekann, do Grupo de Economia de Energia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "O governo imaginou que, após o empréstimo e o leilão, as empresas poderiam gerir os custos sem maiores problemas, mas isso não está acontecendo", afirma.

Diante da ameaça das distribuidoras de pedir uma revisão extraordinária das tarifas, o governo planeja novos recursos para aliviar o caixa das empresas. A revisão extraordinária é um mecanismo previsto no contrato de concessão quando há aumento dos custos não gerenciáveis das empresas e teria impacto direto na tarifa de energia.

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