A indústria brasileira eletroeletrônica, que reúne desde componentes para celulares a equipamentos para transmissão de energia e eletrodomésticos, estimou nesta quinta-feira alta de 13 por cento no faturamento de 2011 após um ano de 2010 abaixo da expectativa.
O setor, que deve encerrar este ano com vendas de 124,04 bilhões de reais, crescimento de 11 por cento sobre o fraco 2009, prevê faturamento de 140,5 bilhões de reais em 2011. O desempenho deve ser positivo em todos os segmentos, inclusive no de telecomunicações, que deve fechar 2010 com queda de 9 por cento, no segundo ano consecutivo de perdas.
Apesar da previsão de avanço do setor, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, afirmou que a situação da indústria é preocupante pelo cenário de câmbio e falta de medidas de proteção às exportações.
Segundo ele, o crescimento de 11 por cento de 2010 poderia ter sido de pelo menos 15 por cento, não fosse a valorização do real frente ao dólar que acirrou a competição no setor.
"Crescemos 11 por cento sobre 2009, que foi um ano horrível em que decrescemos. O (produto) importado também está dentro desta conta de faturamento em 2011. Além disso, a participação das exportações nas vendas totais caiu de 20,5 por cento em 2005 para 11 por cento em 2010", afirmou Barbato a jornalistas cobrando medidas rápidas do governo para compensar o efeito negativo do real valorizado.
Enquanto a participação das exportações caiu, a fatia das importações no mercado interno cresceu, passando de 15,9 por cento em 2005 para 21,5 por cento este ano. Em 2009, esse percentual foi de 20,4 por cento.
A balança comercial da indústria eletroeletrônica continuará negativa em 2011, passando de 27,5 bilhões de dólares em 2010 para 33,4 bilhões, uma ampliação no déficit de 21 por cento.
"O governo fez questão de desmentir todas as vezes que falamos em desindustrialização, mas desde o início do governo Lula o real vem valorizando. Governo foi tímido para tomar iniciativas para proteger a indústria. Medidas compensatórias (ao câmbio) não foram tomadas, como desoneração da folha de pagamento para empresas exportadoras e aumento de imposto de importação para produto com equivalente nacional", disse Barbato.
"Muitas empresas no Brasil não ficam de pé se não tiver exportação. É ilusão pensar que a exportação está caindo porque o mercado interno está crescendo. O Brasil não tem mais esse perfil de exportar apenas o excedente", acrescentou.
Segundo o presidente da Abinee, apesar de haver "uma sensação" da avanço da economia como um todo do país, "em 2010 houve muito anúncio, mas os projetos anunciados não aconteceram. Em 2011, nossa expectativa é que as coisas comecem efetivamente a ocorrer", afirmou Barbato em referência ao governo da presidente eleita Dilma Rousseff.
A Abinee estima que o setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica terá o maior crescimento no faturamento entre as oito áreas cobertas pela entidade em 2011, de 19 por cento, para 14,41 bilhões de reais. Em informática, setor mais representativo no bolo das vendas da indústria, a expansão deve ser de 14 por cento, para 45,54 bilhões de reais. Já telecomunicações, que inclui celulares e equipamentos para redes, o faturamento vai passar de 16,7 bilhões para 18,6 bilhões de reais.
A entidade estima que as vendas de computadores no país, incluindo desktops, notebooks e a recente categoria de tablets, crescerá entre 13 e 14 por cento no próximo ano sobre as 14 milhões de unidades que serão comercializadas em 2010.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast