A expectativa era que Copa do Mundo, Olimpíada e turismo doméstico em alta tivessem dado um respiro para o setor hoteleiro no Brasil, que vem em baixa e acompanhando a crise desde 2014. Mas, ao contrário do que era esperado, nenhum desses três fatores conseguiu inverter a queda nas taxas de ocupação, preço médio das diárias nos hotéis do país e RevPAR (receita por quarto disponível). De acordo com os representantes do setor, a redução era esperada, mas não de forma tão forte como ocorreu. Ainda assim, grandes redes seguem investindo em projetos de expansão e apostando em uma melhora no setor nos próximos três anos.
Jacques Schinemann, diretor administrativo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, regional Paraná (ABIH-PR), explica que de fato a queda era algo previsto, mas ninguém do setor imaginava que os indicadores fossem vir tão ruins. Para ele, o principal motivo para o desempenho fraco é realmente a crise político-econômica que o país vem enfrentando. “Além disso, o cenário internacional tinha um certo nível de incerteza, mas o principal motivo é mesmo a crise, com uma participação significativa do desemprego no país”, destaca.
A quarta edição do estudo “Perspectivas de Desempenho da Hotelaria”, produzido pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), reforça a situação descrita por Schinemann. De acordo com os dados levantados na pesquisa, a taxa de ocupação média nos hotéis acumulada em 2015 foi 60,93%, cerca de 2,5% menor que em 2014 e 3,6% inferior quando comparada a 2013. As conclusões levantadas pelo estudo também apontam como principal motivo da baixa os impactos negativos gerados pela crise econômica.
De acordo com Orlando de Souza, diretor executivo do FOHB, “os dados apurados entre janeiro e dezembro de 2016, em comparação com o ano de 2015, mostram que a taxa de ocupação caiu 6,3%”.
Para esse ano as expectativas do setor não são altas, mas também não são negativas. De acordo com o diretor executivo do FOHB, a “perspectiva é de recuperação no cenário, quando comparado com 2016, com projeções de crescimento de 2% na taxa de ocupação, 2% no valor da diária média e 2,8% no RevPAR em todas as cidades analisadas no estudo, exceto no Rio de Janeiro, por conta da alta durante a realização dos Jogos Olímpicos”.
Schinemann também aposta em um cenário semelhante. Para ele, “o momento ainda é ruim, mas a expectativa é que o setor consiga manter a atividade no nível que está”. “Já para 2018 e 2019 a previsão é otimista e de crescimento no setor”, afirma.
Apesar da crise, hotéis cumprem planos de expansão
Com esse otimismo em mente, grandes redes de hotéis como o Mabu e Bourbon seguem com planos de expansão no país, a aposta, porém, é fugir dos modelos tradicionais. Para Schinemann, a explicação para esses pontos fora da curva é o planejamento de longo prazo. “São poucas redes investindo, pois essas expansões foram pensadas em 2011 e 2012, portanto, eles apenas seguiram com o plano, provavelmente apostando em uma melhora da economia”, explica.
Por parte do Mabu, o modelo que tem funcionado é o de propriedade compartilhada, o My Mabu. No negócio, o cliente compra uma fração de apartamento e poderá usufruir do espaço durante quatro semanas no ano, por um período de 50 anos, podendo ser passado de forma hereditária. A ideia é mesclar um ambiente caseiro com os serviços de hotelaria. O modelo está disponível em Foz do Iguaçu, no Mabu Thermas Grand Resort e já comercializou cerca de R$ 74 milhões em frações de apartamentos no ano passado. A expectativa da rede é que, já no primeiro trimestre, sejam vendidos outros R$ 70 milhões em frações.
A rede de hotéis Bourbon também aposta em modelos não tão tradicionais. De acordo com Alceu Vezozzo Filho, presidente da rede, há uma preocupação com estadias mais longas, o que explica a inauguração recente do Bourbon Vitória Residence, no Espírito Santo, e também na mescla entre negócios e lazer, foco dos novos Rio Hotel by Bourbon. “São marcas de maior aderência ao mercado atual. Seguimos um planejamento de anos, sólido, sempre olhando de forma consciente para médio e longo prazo”, destaca Vezozzo Filho. De acordo com esse plano, a rede prevê 700 novos apartamentos no Brasil e América Latina até 2019.
Turismo doméstico
No período de recessão econômica, nem todos os fatores foram negativos. Com a alta do dólar, que chegou a beirar R$ 4, foi comum a troca dos destinos internacionais pelos nacionais. “As redes que trabalham com resorts e não só com hotéis urbanos conseguiram se equilibrar mais durante esse período, pois as pessoas procuraram destinos para férias que pudessem pagar em real”, explica Vezozzo Filho, presidente da rede Bourbon.
Apesar do respiro dado pela alta da moeda americana, Schinemann acredita que isso não foi suficiente para aquecer de fato o setor porque “as pessoas deixaram de ir para mais longe, mas também viajaram menos”.
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