A base da economia paranaense ainda tem um perfil fortemente agrícola, mas aos poucos o setor metal-mecânico, que sustenta toda a rede industrial, começa a ganhar corpo. Entre os anos de 2000 e 2009, o número de indústrias do setor cresceu 78,5%, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego, passando de 3.400 mil para 6.069 estabelecimentos.
O crescimento dessa indústria está ligado à onda de industrialização fora da região Sudeste brasileira. Mesmo assim, São Paulo ainda é a principal potência da área metal-mecânica, com 22.934 indústrias, ou seja, 36,20% de todo o segmento brasileiro.
Os números do Ministério do Trabalho foram compilados pelo economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Jerri Chequin, especialista no setor. Ele lembra que a indústria metal-mecânica paranaense ainda se concentra em Curitiba e região metropolitana, embora a participação tenha diminuído.
Em 2000, o município de Curitiba representava 21,97% do setor e hoje responde por 18,92%. Das dez cidades que mais têm empresas do ramo, cinco fazem parte da Grande Curitiba, respondendo por 34,19% do setor. A expansão da área no interior está restrita às regiões Norte, Oeste e Campos Gerais. Juntas, Londrina e Maringá representam 11,91% do total de empresas metal-mecânicas do estado. Cascavel e Ponta Grossa exibem porcentuais em torno de 3% cada uma.
"O interior ainda tem laços maiores com o agronegócio, principalmente na fabricação de máquinas e implementos agrícolas, o que precisa acontecer é uma diversificação maior deste setor", aponta o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço.
Embora a tendência seja de diversificação, o perfil agrícola norteia o setor metal-mecânico na região de Cascavel. "Temos indústrias de acessórios para tratores, silos, de máquinas para indústrias de laticínios e fazemos peças de reposição para maquinários agrícolas", cita Eliseu Zanella, presidente do Sindimetal-Cascavel, que representa as empresas do setor. Em Ponta Grossa, desponta o setor de logística, armazenagem e movimentação. Em Pato Branco, além da indústria de alumínio, cresce o atendimento à área de software.
Embora a diversificação não contribua para a formação de uma identidade para o setor, o presidente do Sindimetal de Londrina, Valter Luiz Orsi, a vê como positiva. "Em um mercado competitivo, com um leque diversificado você não depende de um único setor e, além disso, uma empresa completa a outra", diz.
Pequenas
O setor-metal-mecânico do Paraná se configurou ao longo da última década com micro e pequenas empresas (estabelecimentos com até 99 funcionários). Do total de empresas do setor, 98% se encaixam nesta categoria. Esse perfil é característico da região de Umuarama. "A nossa base é formada por pequenas empresas que atendem às indústrias da região. Estamos muito longe do porto e, com pedágio e outros custos, nossa atuação fica restrita", acrescenta o representante do Sindimental da região, Leonardo Bacarin.