Trabalho
Mão de obra está em falta
Dados de 2009 do Ministério do Trabalho indicam o registro de 93,7 mil trabalhadores formais no setor metal-mecânico do Paraná. Mas o setor se queixa da falta de mão de obra disponível. A escassez é generalizada.
Eliseu Zanella, de Cascavel, diz que é preciso buscar fora do estado profissionais para cargos de coordenação. Leonardo Bacarin, de Umuarama, acrescenta que faltam trabalhadores para o setor operacional. Evandro Neri, representante do setor em Pato Branco, afirma que a esperança está nas escolas técnicas.
Em Ponta Grossa, a metalúrgica W3, indústria do ramo de móveis de aço e tintas em pó, fez uma parceria com o Senai/Sesi para "emprestar" alunos dos cursos técnicos e qualificá-los. "Temos uma média de 480 funcionários e temos cinco que são estagiários do programa. Eles têm aulas práticas na empresa e certamente serão efetivados", comenta Adriano Bueno, coordenador de marketing da metalúrgica W3, de Ponta Grossa.
A falta de qualificação encontrada no mercado é uma barreira para o setor, avalia o presidente do Sindimetal de Maringá, Carlos Walter Martins Pedro. "O custo da formação e qualificação da mão de obra é alto para as empresas. Nas escolas técnicas, é preciso que o aluno aprenda manuseando as máquinas. Mas o maquinário não acompanha a evolução dos que estão nas indústrias."
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) informou que, em 2010, os cursos do setor metal-mecânico lançaram 9.761 alunos formados no mercado e, neste ano, até o mês de agosto, já houve 6.679 concluintes. Na visão do diretor-presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, é preciso uma integração maior entre as escolas e universidades com cursos técnicos e a comunidade, a fim de haver maior fornecimento de mão de obra e também maior intercâmbio de tecnologia.
Empresas de grande porte carecem de fornecedores regionais
A proximidade do fornecedor é um dos itens considerados pelo grupo que deseja investir numa determinada região. "A indústria leva em conta uma equação muito simples: a maximização dos lucros e minimização dos custos, que facilite o retorno do capital investido", lembra Gilmar Lourenço, do Ipardes.
A base da economia paranaense ainda tem um perfil fortemente agrícola, mas aos poucos o setor metal-mecânico, que sustenta toda a rede industrial, começa a ganhar corpo. Entre os anos de 2000 e 2009, o número de indústrias do setor cresceu 78,5%, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego, passando de 3.400 mil para 6.069 estabelecimentos.
O crescimento dessa indústria está ligado à onda de industrialização fora da região Sudeste brasileira. Mesmo assim, São Paulo ainda é a principal potência da área metal-mecânica, com 22.934 indústrias, ou seja, 36,20% de todo o segmento brasileiro.
Os números do Ministério do Trabalho foram compilados pelo economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Jerri Chequin, especialista no setor. Ele lembra que a indústria metal-mecânica paranaense ainda se concentra em Curitiba e região metropolitana, embora a participação tenha diminuído.
Em 2000, o município de Curitiba representava 21,97% do setor e hoje responde por 18,92%. Das dez cidades que mais têm empresas do ramo, cinco fazem parte da Grande Curitiba, respondendo por 34,19% do setor. A expansão da área no interior está restrita às regiões Norte, Oeste e Campos Gerais. Juntas, Londrina e Maringá representam 11,91% do total de empresas metal-mecânicas do estado. Cascavel e Ponta Grossa exibem porcentuais em torno de 3% cada uma.
"O interior ainda tem laços maiores com o agronegócio, principalmente na fabricação de máquinas e implementos agrícolas, o que precisa acontecer é uma diversificação maior deste setor", aponta o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço.
Embora a tendência seja de diversificação, o perfil agrícola norteia o setor metal-mecânico na região de Cascavel. "Temos indústrias de acessórios para tratores, silos, de máquinas para indústrias de laticínios e fazemos peças de reposição para maquinários agrícolas", cita Eliseu Zanella, presidente do Sindimetal-Cascavel, que representa as empresas do setor. Em Ponta Grossa, desponta o setor de logística, armazenagem e movimentação. Em Pato Branco, além da indústria de alumínio, cresce o atendimento à área de software.
Embora a diversificação não contribua para a formação de uma identidade para o setor, o presidente do Sindimetal de Londrina, Valter Luiz Orsi, a vê como positiva. "Em um mercado competitivo, com um leque diversificado você não depende de um único setor e, além disso, uma empresa completa a outra", diz.
Pequenas
O setor-metal-mecânico do Paraná se configurou ao longo da última década com micro e pequenas empresas (estabelecimentos com até 99 funcionários). Do total de empresas do setor, 98% se encaixam nesta categoria. Esse perfil é característico da região de Umuarama. "A nossa base é formada por pequenas empresas que atendem às indústrias da região. Estamos muito longe do porto e, com pedágio e outros custos, nossa atuação fica restrita", acrescenta o representante do Sindimental da região, Leonardo Bacarin.
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