São Paulo – Pela primeira vez, empresários e trabalhadores da indústria têxtil e de confecção dividiram o mesmo palanque para protestar contra a política econômica. Entidades representativas do setor realizaram ontem pela manhã manifestação públicas em mais de 20 cidades brasileiras. Em São Paulo, o ato foi realizado no vão livre do Masp e reuniu cerca de mil pessoas. Segundo as entidades, por causa das sucessivas crises, o setor têxtil já demitiu mais de 260 mil pessoas desde 2002.

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"Quermos mostrar as dificuldades que o setor enfrenta e que precisamos ter condições igualitárias às de nossos concorrentes estrangeiros para disputar o mercado em pé de igualdade", disse o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. Segundo ele, o setor voltará a apresentar déficit este ano em sua balança comercial, depois de cinco anos seguidos de superávits. "Esse quadro é decorrente da carga tributária asfixiante, câmbio sobrevalorizado, legislação trabalhista ultrapassada, importações ilegais e os maiores juros do mundo.

Entre outras medidas, o setor propõe a centralização das importações de produtos têxteis e confecções em apenas cinco portos do país e a possibilidade de as empresas compensarem parte do pagamento dos encargos trabalhistas como crédito para recolhimento do PIS e da Cofins.

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O presidente licenciado da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, defendeu que empresários e trabalhadores invadam o Porto de Santos para impedir a entrada de produtos chineses no país, caso o governo não resolva os problemas que afetam o setor. Pimentel disse que a indústria é competitiva e não quer proteção artificial, mas exige equilíbrio na competição com outros países. Ele defendeu acordos internacionais com grandes blocos econômicos e o fim das importações ilegais.

Segundo dados do Sinditêxtil-SP, as exportações do setor em agosto caíram 21% em relação ao mesmo mês de 2005, para US$ 170,5 milhões. Em volume, a queda foi ainda maior (42,5%), para US$ 51,8 mil toneladas. No acumulado do ano, a queda nas exportações foi de 1,1% e o volume exportado foi praticamente o mesmo, após a indústria, por cinco anos seguidos, ter alcançado superávits crescentes na balança comercial e dobrado o volume das vendas.