A Royal Dutch Shell fechou acordo para comprar a rival de menor porte BG Group por US$ 70 bilhões na primeira grande fusão no setor de petróleo em mais de uma década, reduzindo a diferença frente à líder de mercado, a norte-americana ExxonMobil, após uma queda dos preços da commodity.
A anglo-holandesa Shell fará o pagamento em dinheiro e ações, avaliando cada ação da BG em cerca de 1,35 pence, disseram as companhias de energia nesta quarta-feira (8). Trata-se de um prêmio de cerca de 52% sobre a média de negociação de 90 dias da BG, o que estabelece um padrão alto para quaisquer eventuais ofertas rivais.
A maior fusão deste ano dará à Shell acesso às operações multibilionárias da BG no Brasil, leste da África, Austrália, Cazaquistão e Egito. Elas incluem alguns dos mais ambiciosos projetos de gás natural liquefeito do mundo.
Costurado pelo presidente-executivo da Shell, Ben van Beurden, e pelo presidente do Conselho da BG, Andrew Gould, o acordo vem após a forte queda dos preços do petróleo desde junho, estabelecendo um prêmio maior sobre o acesso a reservas provadas do que sobre exploração. “Estávamos procurando algumas oportunidades, com a BG estando sempre no topo da lista das empresas com as quais queríamos nos combinar”, disse Van Beurden, da Shell, em teleconferência. “Temos dois portfólios muito fortes que se combinam globalmente em águas profundas e sistema de gás integrado”, completou.
A Shell disse que o acordo irá ampliar suas reservas de petróleo e gás em 25%. A empresa também planeja aumentar as vendas de ativos para US$ 30 bilhões entre 2016-2018 após o acordo.
Valor de mercado
A britânica BG tem um valor de mercado de US$ 46 bilhões de dólares segundo o patamar de fechamento de terça-feira (7), e a Shell é avaliada em US$ 202 bilhões, enquanto a Exxon, a maior petroleira em valor de mercado do mundo, era avaliada em US$ 360 bilhões.
Van Beurden disse que a presença das duas grandes empresas em Austrália, Brasil, China e na União Europeia pode requerer conversas detalhadas com autoridades antitruste, mas que é improvável que leve a uma venda de ativos forçada.
A queda dos preços do petróleo após o boom do gás de xisto nos Estados Unidos e uma decisão da Arábia Saudita de não reduzir a produção criou um ambiente similar ao da virada do século, quando muitas fusões ocorreram. Na ocasião, a BP adquiriu a rival Amoco and Arco, a Exxon comprou a Mobil e a Chevron se fundiu com a Texaco.