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Shell vende para brasileiras fatia em bloco no pré-sal

A Shell Brasil vendeu sua participação de 20 por cento no bloco BM-S-8, na bacia de Santos, onde está o prospecto Bem-te-vi, para as brasileiras Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) e Barra Energia, anunciaram as empresas compradoras nesta terça-feira.

A QGEP informou que pagou 175 milhões de dólares por seus 10 por cento do bloco. A Barra Energia não informou o valor pago também por uma parcela de 10 por cento no mesmo bloco, assim como a Shell, que com o negócio deixa o bloco na bacia de Santos.

A empresa anglo-holandesa continua ainda no pré-sal da bacia de Santos no bloco BM-S-54 --onde tem 80 por cento numa sociedade com a Total, com os 20 por cento restantes--, que não foi colocado à venda e no qual foram descobertos indícios de petróleo em setembro do ano passado.

O BM-S-8 estava entre os ativos à venda anunciados pela Shell em setembro de 2010.

A companhia ainda quer vender parte dos blocos BM-S-45 --em que possui participação de 40 por cento e onde a Petrobras é operadora--, e o BM-ES-28, na bacia do Espírito Santo, no qual a Shell é operadora com 82,5 por cento, em parceria com a Vale. Também faz parte da lista do BS-4, na bacia de Santos.

Operado pela Petrobras, que possui 66 por cento, o BM-S-8 tem como parceira também a portuguesa Galp, com 14 por cento. A transação ainda precisa de aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

DESCOBERTA

A Petrobras declarou em maio de 2008 que descobriu indícios de petróleo no BM-S-8 e análises preliminares indicaram que a densidade do petróleo está entre 25 e 28 graus API, óleo intermediário, melhor que a média no Brasil e comparável a de outras descobertas do pré-sal da bacia de Santos.

Em teleconferência para analistas no final da manhã, o diretor de Exploração e Produção da QGEP, Lincoln Guardado, afirmou que o ativo é promissor e que a empresa prospecta mais oportunidades como essa.

"Continuamos com apetite, como é o caso da licitação (11a rodada da ANP) que está por vir, e abertos a ofertas de mercado", disse Guardado a analistas durante a teleconferência.

"Temos conversas, mas não é algo que permite nenhum tipo de 'disclosure' e que tem diferentes temperaturas", explicou.

As operações da QGEP estão localizadas nas bacias de Camamu-Almada, Santos e Jequitinhonha e já contam com 12 prospectos exploratórios identificados e quatro descobertas.

Lincoln descartou a possibilidade de Bem-te-vi ter sido considerado um ativo pouco atrativo pela Shell. Segundo ele, a expectativa é de que o poço de Bigúa, em Bem-te-vi, repita a média de sucesso geológico da bacia de Santos, de 75 por cento.

"No mínimo a taxa de sucesso é de 50 por cento", avaliou o executivo, afirmando que a QGEP tem como meta ter entre 10 a 30 por cento do seu portfólio no pré-sal.

"A Shell vê muito valor nisso (BM-S-8), a motivação dela é gestão de portfólio, e nós vimos o impacto que teria no nosso portfólio, vimos que há melhora substancial no volume e na redução do risco", afirmou.

Ele explicou que para valer a pena uma exploração na região pré-sal da bacia de e Santos, devido às grandes profundidades e distância da costa, os reservatórios precisam no mínimo ter entre 300 e 400 milhões de barris recuperáveis.

"O tamanho mínimo entrou no radar da nossa composição de risco e custo", disse Lincoln, que não teve acesso às informações da operadora mas se baseou em estudos de 3D e mapeamento do vendedor, além de uma auditoria no trabalho da Petrobras.

"Agora bamos ver se o bloco tem potencial de descoberta", disse aos analistas.

1.ª AQUISIÇÃO DA BARRA ENERGIA

Para Renato Bertani, diretor-executivo da Barra Energia, empresa que conta entre os sócios com o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), João Carlos de Luca, essa primeira aquisição da empresa "representa importante passo na execução de nossa estratégia de construir um portfólio de alta qualidade de ativos de exploração e produção de petróleo no Brasil".

Bertani informou ainda que a Barra Energia busca novas oportunidades, mas também não deu detalhes.

A demora na realização de leilões de petróleo e gás natural no país tem levado empresas a buscar aquisições de ativos já existentes.

A previsão do governo é de que este ano seja realizada a 11a rodada de licitações de áreas de petróleo e gás natural, mas para isso a presidente Dilma Rousseff precisa assinar a autorização do leilão até o final de julho.

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