O imóvel do Shopping Total, que pertence à massa falida da varejista Hermes Macedo S/A, será leiloado na próxima sexta-feira (4), dia em que o centro comercial completa 19 anos.
Os donos do shopping, que arremataram o espaço em leilão realizado há dois anos mas não estavam pagando as parcelas da operação, também não cumpriram um prazo de 15 dias concedido pela Justiça para depositar o valor integral da dívida.
O valor inicial do novo leilão é de R$ 144,4 milhões, cerca de R$ 24 milhões acima do oferecido em novembro de 2014 pela G2 Consult, empresa ligada aos donos do Total, Michel Gelhorn e Eduardo Bekin. Desde que arrematou o imóvel, a G2 pagou apenas a entrada de 20% – R$ 24 milhões – e o equivalente a uma parcela e meia, de um total de 48 prestações. A inadimplência levou a juíza substituta Diele Denardin Zydek, da 1.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de Curitiba, a anular o leilão, no fim de setembro.
Alegando estar em negociações com o empresário Salomão Soifer, dono dos shoppings Pátio Batel e Mueller, a G2 recorreu ao Tribunal de Justiça, pedindo um prazo de 48 horas para quitar todas as parcelas vencidas e as que iriam vencer – cerca de R$ 93 milhões, sem contar juros e correção. A empresa conseguiu um prazo bem maior, de 15 dias, mas não fez o depósito. No mês passado, o Grupo Soifer declarou que não estava em negociação e não iria comprar o Shopping Total.
“Manobra”
Ao alegar que poderia pagar toda a dívida imediatamente, a G2 fez uma “manobra” para afastar interessados no imóvel, avalia o leiloeiro Helcio Kronberg, responsável pelos certames de 2014 e da próxima sexta-feira. “Todo mundo ficou na expectativa de que eles [a G2] honrariam o pagamento. E eventuais interessados no leilão já passaram a olhar outros negócios, comprometeram recursos, não baixaram aplicações para eventual pagamento”, diz.
Contatado pela Gazeta do Povo, o Shopping Total afirmou apenas que sua administração e a equipe jurídica “estão adotando todas as medidas necessárias para solucionar esta questão”, pois “primam pelo bom relacionamento entre seus lojistas e público consumidor”.
Para Kronberg, se o imóvel não for arrematado na sexta-feira, dificilmente haverá um novo leilão com preço reduzido. “Muito provavelmente as lojas serão desmembradas e vendidas em separado, como uma fração ideal do shopping, com direito de uso”, diz. O Total tem mais de 300 lojas, cinco salas de cinema e um estacionamento com 800 vagas.
Segundo o leiloeiro, considerando o preço médio dos imóveis na região do shopping, no bairro Portão, apenas o terreno vale R$ 90 milhões. Incluindo na conta a área construída, de 85 mil metros quadrados, o valor de mercado sobe a R$ 250 milhões. “Com uma operação de shopping popular funcionando, pode-se ter um negócio de R$ 350 milhões”, calcula.
O leilão será realizado às 14 horas, no átrio do Fórum da Fazenda Pública, Execuções Fiscais e de Recuperações Judiciais e Falências (Rua Padre Anchieta, 1287, Bigorrilho).