Com um total de 520 empreendimentos no Brasil, 24 deles inaugurados no último ano, o setor de shopping centers cresceu 10,1% em 2014, fechando o ano com faturamento acima de R$ 142 bilhões, segundo censo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), divulgado ontem. Descontando a taxa de inflação, o crescimento real do setor foi de 3,2%. Mais tímida, mas ainda otimista, a expectativa para 2015 é de um crescimento bruto de 8,5% nas vendas.
"Foi um ano desafiador. Tivemos instabilidade política e econômica, desconfiança do consumidor e pressão inflacionária, mas mais uma vez o setor mostrou resiliência e apresentou um saldo positivo", disse Glauco Humai, presidente da Abrasce.
Pela primeira vez, a pesquisa apontou maior concentração de shoppings em municípios do interior, com 51% dos empreendimentos, o que é considerado pela entidade uma tendência natural. Dos 24 shoppings inaugurados em 2014, que somaram R$ 11 bilhões em investimentos, apenas seis foram em capitais. Atualmente, as cidades com menos de 500 mil habitantes concentram 41% dos malls.
O ticket médio por consumidor foi avaliado em R$ 136 e os sábados continuam sendo o dia de maior fluxo. O público predominante é o da classe B, seguido pelas classes C e D e, em menor proporção, A.
De acordo com o censo, os shoppings do país somam 13,8 milhões de metros quadrados de área bruta locável (ABL), com mais de 95 mil lojas e uma taxa de vacância média de 2,8%, considerada baixa. Atualmente, 18% dos shoppings estão em expansão e 32% têm intenção de expandir. Os shoppings de pequeno porte, com ABL de até 20 mil m2, ainda são maioria, representando 44% dos estabelecimentos, seguidos respectivamente pelos regionais, médios e mega-empreendimentos, com ABL acima de 60 mil m2, que compreendem 6% do total.
Tendência
Os números apresentados pela Abrasce mostram uma diferença cada vez maior entre o crescimento dos shoppings e do varejo tradicional, que em 2014 apresentou acréscimo de 2,4% sobre o faturamento bruto, inferior ao índice inflacionário. Humai atribui a diferença às facilidades oferecidas pelos malls, que incluem estacionamento, lazer e serviços, além do mix de lojas e a gestão estratégica dos grandes grupos.
Atualmente os shoppings respondem por 18,9% das vendas do varejo nacional. "É uma participação ainda pequena se comparada a outros países, portanto ainda há muito a crescer, a tendência é as lojas migrarem para os shoppings, pois o consumidor procura cada vez mais praticidade, com diferentes opções de compras e serviços em um mesmo lugar."
A repórter viajou a convite da Abrasce.