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Diante da nova realidade do mercado de siderurgia, com preços e demanda cada vez mais fracos, as empresas do setor já começaram a se mobilizar para buscar descontos nos seus principais insumos. Neste momento, várias siderúrgicas, entre as quais a Gerdau, estão tentando antecipar as negociações de preço do carvão metalúrgico, que usualmente são concluídas apenas em julho de cada ano. A intenção das empresas é fazer o mesmo com o minério de ferro, mas esta será uma tarefa mais difícil porque a produção é concentrada nas mãos de três grandes mineradoras - Vale, BHP Billiton e Rio Tinto.

Segundo fontes do mercado, as siderúrgicas pretendem devolver antecipadamente uma parte do reajuste de 200% que começou a valer em julho neste ano e elevou o carvão de US$ 98 por tonelada para cerca de US$ 300 por tonelada. A meta é reduzir os preços em cerca de 30% a 40%, em média. A brasileira Gerdau, que compra carvão de fornecedores na Ásia, na Austrália e nos Estados Unidos, também está buscando um recuo nos preços, de acordo com informações de mercado confirmadas pela companhia.

Outra empresa que estaria negociando uma queda antecipada dos preços seria uma estatal indiana, que pediria uma redução superior a 60% no preço do carvão metalúrgico vendido por seus fornecedores para os contratos que terminam em julho de 2009. Um dos argumentos usados pelas siderúrgicas é que no ano passado a oferta de carvão foi afetada por fenômenos não recorrentes, como enchentes na Austrália e nevascas na China, que ajudaram a elevar os preços em 2008.

Diante do novo cenário, o banco UBS Pactual revisou suas projeções para o preço do carvão em 2009. De acordo com relatório, o preço do carvão deve cair para US$ 180 por tonelada no ano que vem, recuo de 28% em comparação com as projeções iniciais do banco, que eram de US$ 250 por tonelada. Para 2010, a expectativa passou de US$ 230 por tonelada para US$ 130 por tonelada.

Caso tenham sucesso nestas negociações, as usinas deverão tentar o mesmo com o minério de ferro, segundo um executivo do setor. Recentemente, a Vale teve de desistir de um reajuste adicional de 12% que pretendia impor aos seus clientes asiáticos devido à queda da demanda. Nesta segunda, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou que seus clientes já estão pedindo uma redução dos preços do minério de ferro firmados em contratos de longo prazo.

Assim como as projeções para o carvão, consenso de reajuste do minério de ferro em 2009 também está recuando. Antes, o mercado previa uma alta de cerca de 20%, mas a projeção foi substituída por uma expectativa de queda de até 40%, segundo projeção do UBS Pactual. Uma das projeções mais otimistas é a do Credit Suisse, que espera uma alta de 5% a uma queda de 5%. Segundo fontes do setor, a intenção da Vale é adiar estas conversas pelo maior tempo possível, à espera de uma melhora no cenário em abril, quando começam a vigorar os novos preços do minério.

Os dois insumos têm uma participação parecida nos custos das siderúrgicas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), o carvão representa, em média, 20% dos custos das usinas. A participação do minério nos custos varia entre 16% e 20%. Dentre as siderúrgicas de capital aberto, a única que divulga a participação dos insumos no seu custo de produção é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

No seu caso, o carvão representou cerca de 31% dos custos no terceiro trimestre, enquanto o minério de ferro representou apenas 5% devido à produção própria da empresa em Casa de Pedra. No segundo trimestre do ano, os custos da CSN com carvão representaram 22% do total, antes do reajuste de 200% aplicado em julho.

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