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O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, criticou o mercado e “parte da imprensa” nesta segunda (1º) pelas críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao determinar o corte dos dividendos extraordinários da Petrobas, no mês passado. A decisão fez as ações da estatal despencarem 10% um dia depois do anúncio, com uma perda de R$ 55,3 bilhões em valor de mercado.
Lula chegou a dizer que houve uma “choradeira do mercado” por causa disso e que a empresa não deveria “pensar só nos acionistas”. Já o ministro Rui Costa, da Casa Civil, ainda afirmou não ver problema na decisão que teria sido negociada e aprovada com os acionistas.
Silveira reafirmou que a decisão de reter os dividendos extraordinários foi acordada entre os acionistas e que o governo, e que os dividendos ordinários – com pagamento obrigatório – foram “cumpridos rigorosamente”. Já o restante foi encaminhado para uma conta de contingência “que serve exclusivamente para pagar dividendos”.
“Existe uma clara demonstração de uma resistência do mercado em consequência da boca torta que eles adquiriram nos últimos anos, em especial nos últimos quatro anos de governo Bolsonaro, que eles faziam o que queriam com o Brasil”, disparou Silveira em entrevista à GloboNews.
O ministro afirma que reconhece que as empresas estatais de economia mista devem gerar lucros para competir internacionalmente, mas diz que “elas tem também, e isso é constitucional e está na Lei as Estatais, dever social com o Brasil. Não podemos admitir que a Petrobras tem um único e exclusivo objetivo de ter lucros exorbitantes para poder distribuir aos seus acionistas”.
Alexandre Silveira ressaltou que o governo pretende continuar focado em trabalhar para a Petrobras crescer e gerar mais receita, e que é preciso fiscalizar se a diretoria da estatal está executando o plano de investimento proposto.
Interferência na Vale
O ministro Alexandre Silveira também criticou as afirmações de que o governo estaria interferindo nos negócios de empresas privadas – principalmente a mineradora Vale, em que houve uma tentativa de emplacar o ex-ministro Guido Mantega na presidência ou no conselho de administração. Ele classificou como “injustiça”.
“Houve uma grande especulação sobre isso, eu trabalhei o tempo todo, e o presidente Lula também, para que a Vale resolva os seus problemas de forma autônoma através da sua governança, mas o que nós temos são duras críticas ao setor mineral nacional”, pontuou.
Segundo o ministro, a questão mineral será discutida pelo governo e que há coisas que não são de conhecimento público, como “graves distorções e crimes lesa-pátria que têm sido cometidos pelo setor mineral”.
Ele citou casos como o rompimento da barragem de Mariana (MG) e a detenção de 476 autorizações pela mineradora canadense Rio Tinto que não são exploradas no país.