O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia (MME), negou nesta sexta (26) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha feito qualquer tipo de pressão para influenciar o conselho de administração da mineradora Vale para nomear o ex-ministro Guido Mantega à presidência da companhia.
A suposta pressão, que Silveira diz que não passou de “especulação”, já se arrasta há semanas e que se tornou um “massacre” nas últimas 48 horas, em que teria surgido a informação de que ele ligou para conselheiros para pedir que Mantega fosse indicado.
“Uma coisa absurda e fora de qualquer parâmetro”, disse o ministro no começo da tarde ressaltando que houve apenas uma indicação, mas nenhuma pressão para a troca do comando. Ele afirmou, ainda, que foi pego de surpresa pela notícia.
Silveira diz que a única coisa que Lula cobrou dele foi sobre a reparação aos afetados e ao governo pela tragédia de Mariana, e que a exploração das riquezas minerais do país seja feita de modo sustentável. Ele disse que já havia falado sobre isso durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e que acreditava que não haveria mais dúvidas.
No entanto, petistas defenderam a indicação de Mantega para a Vale. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o ex-ministro foi “um dos brasileiros mais injustiçados de nossa época”, e que ele é “qualificado para esta ou qualquer outra missão importante, que exija capacidade e compromisso com o país”.
"Nas últimas 48 horas o presidente foi injustiçado, eu fui massacrado por gente dizendo que liguei para conselheiros da Vale recomendando, e não fiz nenhuma indicação do governo para indicação. Foram 48 horas de notícias muito sérias que podem afetar a empresa", pontuou Silveira.
Segundo interlocutores – que agora Silveira nega –, Lula teria desistido de influenciar a nomeação de Mantega para o comando da Vale na noite de quinta (25), mas que agora trabalha para indicá-lo pelo menos para o conselho da mineradora.
Um pouco mais cedo, Lula criticou a companhia dizendo que “cinco anos [das tragédias em Minas Gerais] e a Vale nada fez para reparar a destruição causada. É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”.
A possibilidade de pressionar pela indicação de Mantega ao conselho da Vale será discutida em uma reunião marcada por Lula para a próxima terça (30) com o MME, o Banco do Brasil e a Previ, o fundo de previdência dos funcionários do BB, que é o maior acionista individual da companhia – detém 8,7% das ações e dois assentos no colegiado.
Outros acionistas relevantes da Vale são a japonesa Mutsui, com 6,3% das ações, o fundo americano BlackRock, com 5,8% e a Cosan, gigante com negócios em açúcar e álcool, que comprou 4,9% das ações no ano passado.
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