O Grupo Silvio Santos anunciou neste domingo (14), por meio de comunicado publicado em jornais, que irá processar, nas esferas cível e criminal, os ex-diretores-executivos do banco PanAmericano e também a empresa de auditoria Deloitte, contratada para revisar os balanços da instituição financeira. A decisão de acionar judicialmente os ex-gestores e a auditoria foi tomada cinco dias depois de o grupo SS fechar um acordo com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), pelo qual recebeu um aporte de R$ 2,5 bilhões para cobrir o rombo do banco, dando em troca, como garantia, as 44 empresas que compõem a holding.
O socorro do FGC foi negociado pelo próprio Silvio Santos depois que, em 11 de setembro, ele foi informado pelo Banco Central de que os balanços do PanAmericano apresentavam graves indícios de fraudes e manipulações patrimoniais. No comunicado, o grupo faz referência às "irregularidades apontadas pelo BC" ao justificar as ações na Justiça.
Leia a íntegra do comunicado:
"O Grupo Silvio Santos, na qualidade de acionista controlador do Banco PanAmericano S/A, tendo em vista as irregularidades apontadas pelo Banco Central do Brasil, informa que processará, nas esferas cível e criminal, os ex-Diretores Executivos do Banco e a empresa de auditoria externa contratada para realizar a revisão das demonstrações financeiras do Banco".
Entre os oito ex-gestores do banco que foram demitidos na última terça-feira, o ex-superintendente, Rafael Palladino, e o ex-diretor Financeiro e de Relações com Investidores (RI), Wilson de Aro, devem ser os principais alvos dos processos judiciais. Primo de Iris Abravanel, mulher de Silvio, Palladino, um ex-professor de educação física, estava no grupo desde 1991. Ele e De Aro, que tinha quase 40 anos de casa, eram os homens de confiança do grupo à frente do PanAmericano e seriam os principais responsáveis pela crise no banco.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, disse na última quinta-feira que, além de problemas em carteiras de créditos (R$ 2,1 bilhões), também foram detectadas operações irregulares em cartões de credito (R$ 400 milhões) no PanAmericano.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal vão investigar a possível ocorrência de fraudes no banco. A PF anunciou a instauração de inquérito sobre o caso nesta sexta-feira. O MPF instaurou na quinta-feira um procedimento investigatório criminal (PIC) para apurar possíveis crimes relacionados com a fraude contábil no PanAmericano. Segundo nota divulgada pela Procuradoria da República no Estado de São Paulo, o MPF-SP também vai acompanhar a fiscalização do BC sobre a instituição financeira.