Financiamentos
Por enquanto, só a Caixa baixou os juros do crédito à habitação
Folhapress
A queda dos juros não chegou com força ao crédito imobiliário até agora, só a Caixa Econômica Federal anunciou redução nas taxas. O movimento, porém, tende a ser seguido por outros bancos. O momento é propício para revisão nas taxas do imobiliário, considerado produto estratégico para fidelizar o cliente por até 30 anos.
O governo anunciou na semana passada a redução no juro da poupança principal fonte de recursos da habitação. Com isso, os bancos terão de pagar menos pelos recursos captados e poderão cobrar menos dos clientes.
"A probabilidade de as taxas caírem está vinculada ao custo do dinheiro e à estratégia competitiva dos bancos para não perder espaço para a Caixa. É provável que as taxas se nivelem mais para baixo", afirma João da Rocha Lima Jr., professor da USP.
Octavio de Lazari, presidente da Abecip, associação do crédito imobiliário, disse que a redução da taxa básica de juros (Selic) é outro fator que tende a estimular uma queda nos juros da habitação.
Mas os bancos privados só devem reduzir juros quando a pressão da Caixa e do Banco do Brasil for muito forte, o que deve levar um tempo. O consultor financeiro Valter Police Junior afirma que os juros do crédito imobiliário vão cair, mas não na mesma proporção de outras linhas.
"Você vai tirar mais de onde tem mais gordura, como o cheque especial. O financiamento imobiliário é o mais barato que existe; não tem muita margem para reduzir. Se cair, vai cair pouco", diz Police Junior. Segundo ele, os consumidores devem ficar atentos antes de fechar um empréstimo só porque as taxas foram reduzidas. "Não tome em minutos uma decisão que vai comprometer 30 anos", orienta.
Evento
Feirão da Casa Própria movimenta R$ 3,1 bilhões em cinco cidades
Agência Estado
A oitava edição do Feirão Caixa da Casa Própria movimentou R$ 3,1 bilhões em cinco cidades, em negócios realizados na sexta-feira e no sábado, entre contratos assinados no local e os já negociados, segundo a assessoria do banco.
Nos dois primeiros dias do Feirão, foram atendidas 138.923 pessoas nas cidades de Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Salvador.
Esta edição do Feirão foi a primeira desde que o banco reduziu os juros do crédito imobiliário em até 21% as novas taxas passaram a valer na sexta-feira, dia de abertura do evento.
Outras cidades
As próximas cidades a receberem o evento são Curitiba, Fortaleza e São Paulo, entre os dias 18 e 20 de maio. No fim de semana seguinte, de 25 a 27 de maio, será a vez de Uberlândia, Campinas e Porto Alegre sediarem o evento. Belém e Florianópolis encerram o cronograma do oitavo Feirão Caixa. Nestas cidades, a iniciativa ocorre de 8 a 10 de junho.
Beneficiadas pelo crescimento excepcional do mercado imobiliário brasileiro nos últimos três anos, as grandes construtoras experimentam agora os efeitos da desaceleração da economia. O orçamento apertado e a margem de lucro menor dessas empresas refletem, além da diminuição da demanda e a mudança de perfil dos compradores, o aumento significativo dos custos com mão de obra e aquisição de terrenos.
Segundo dados do Sinduscon-PR, o Custo Unitário Básico (CUB) da construção no Paraná, composto pela análise de preço de 29 itens, subiu 24,5% entre abril de 2009 e abril deste ano, passando de R$ 804,22 para R$ 1.001 por metro quadrado. No mesmo intervalo, a inflação medida pelo IPCA subiu 17,6%. O peso da mão de obra no CUB total cresceu, de 48,6% para 56,2% seus custos, de R$ 390,71 por metro quadrado há três anos, chegaram a R$ 562,92.
As empresas de capital aberto que fizeram investimentos altos no Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, estão enfrentando problemas de fluxo de caixa por causa de questões burocráticas na liberação do dinheiro para os financiamentos, diz Lucas Dezordi, professor da Universidade Positivo e economista chefe da InvaCapital. "Ainda não é uma crise, mas, com as vendas caindo e os preços se estabilizando, temos um sinal amarelo se acendendo para as grandes construtoras, que vão precisar rever suas estratégias futuras e pisar no freio com relação a novos lançamentos", afirma.
Apesar do cenário mais delicado, o consultor Flávio Ramalho Cone, do banco Banif, diz que não há razões para acreditar em crise. "As grandes incorporadoras de capital aberto continuam crescendo, porém num nível mais moderado", diz Cone, que acompanha o desempenho das grandes construtoras que compõem o índice imobiliário (IMOB) da BM&F Bovespa.
O IMOB fechou em 864 pontos na última sexta-feira, 15% acima do nível do fim de 2011 (749 pontos). Ainda assim, está 11% abaixo da marca mais alta atingida em 2012, de 975 pontos, em 13 de março. No fim de 2010, o IMOB marcava 1.037 pontos, refletindo a percepção mais positiva que o mercado tinha do setor na época.
Segundo ele, nenhum setor da economia consegue manter um crescimento médio prolongado de 30%, como vinha sendo registrado. Os imóveis atingiram um preço razoavelmente alto e uma boa parte da demanda já foi preenchida pelo mercado. Com isso, se até 2010 as pessoas compravam com mais rapidez, os atuais compradores estão menos entusiasmados e mais sensíveis ao preço, explica.
Preço dos imóveis
A desaceleração do mercado imobiliário, no entanto, não deve provocar redução significativa nos preços dos imóveis. Segundo o analista do Banif, a tendência é de que haja uma estabilização dos preços, que passam a acompanhar o movimento da inflação a partir deste ano.
Resultados
Enquanto Cyrela, Eztec e Even conseguiram obter bons resultados, PDG e Gafisa divulgaram balanços abaixo do esperado. "Quem conseguiu aumentar os lucros e gerar caixa foi beneficiado. Não adiantou vender ações na bolsa em quantidade, foi preciso vender com rentabilidade satisfatória", afirma Cone.
Companhias locais e de capital fechado mantêm otimismo
Na contramão do cenário de desaquecimento do mercado imobiliário, construtoras locais e de capital fechado comemoram os novos lançamentos e o aumento do volume de vendas. Em comum, essas empresas têm estratégias e nichos de atuação bem definidos, como é o caso da Plaenge e da Invespark, ambas paranaenses.
Segundo Fábio Tadeu Araújo, consultor da Brain Bureau de Inteligência Corporativa, a Plaenge é uma das empresas que mais reforçou sua marca nos últimos anos. "A construtora não vende um Poème [empreendimento lançado recentemente], ela vende um Plaenge. A empresa conseguiu atrelar sua marca a um padrão de qualidade já reconhecido pelos compradores", ilustra.
Araújo destaca também que a construtora de Londrina, no Norte do Paraná, ganhou força porque adotou um modelo de expansão por regiões, nas cidades onde atua, fato que ajudou a fortalecer ainda mais a marca.
Segundo o diretor regional da Plaenge, Fernando Fabian, a empresa tem conseguido realizar seus projetos de expansão e consolidação com capital próprio. Além de Londrina, Curitiba, Maringá, Ponta Grossa, Cuiabá, Campo Grande (MS), Dourados (MS) e Joinville (SC), a Plaenge está presente no Sul do Chile desde 2009. Voltada ao segmento "premium" e à classe B, a empresa fechou 2011 com faturamento de R$ 912 milhões.
Localização
Com foco nos empreendimentos compactos e comerciais, a Invespark apostou na localização como diferencial em um mercado bastante concorrido. "A seleção criteriosa dos terrenos é o nosso maior seguro para passar por períodos mais seletivos do mercado", ressalta Eduardo Quiza, diretor de incorporações da Invespark.
Segundo ele, a localização e a proximidade de locais com boa oferta de serviços é o item que mais pesa na decisão do comprador, sobretudo nos nichos em que a empresa atua. "Mas até mesmo a atuação por segmentos tende a ser limitada com o passar do tempo", ressalta Quiza, enfatizando a necessidade de buscar opções para oferecer ao mercado.
Em 2011 a empresa entregou mais de 700 unidades mais que o dobro do número do ano anterior (300) e lançou cerca de 1.180. "Para este ano projetamos um crescimento de 10% em relação ao ano passado", afirmou.
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