O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), José Márcio Monsão Mollo, disse nesta sexta-feira (5) em entrevista ao G1 que não acredita que o governo consiga reformar por completo os aeroportos de Viracopos, em Campinas, e Galeão, no Rio de Janeiro, até a Copa de 2014, mesmo que conceda os terminais para a iniciativa privada.
Segundo ele, a decisão do governo de estudar a privatização dos aeroportos é correta, porque o atual modelo de gestão dos terminais por meio uma empresa pública, a Infraero, está esgotado.
"É quase impossível concluir esses estudos para concessão e lançar o edital em menos de um ano. Então, só deve ser lançado um possível edital no final de 2009, ou começo de 2010. Com isso, dificilmente haverá uma reforma completa dos aeroportos até 2014, quando acontece a Copa do Mundo. Pode haver uma reforminha ou outra, mas não terá conclusão de uma grande obra", avalia Mollo.
BNDES
Segundo o BNDES, os estudos para a concessão desses dois aeroportos recém começaram. As primeiras reuniões entre os técnicos do banco e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) nem foram agendadas. Ou seja, ainda nem foram analisados outros modelos de concessão e privatização existentes em outros países.
Os estudos de viabilidade técnica e financeira devem seguir o mesmo caminho adotado para a licitação do trem-bala que ligará Campinas ao Rio de Janeiro, passando por São Paulo. Nesse caso, o BNDES e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) contrataram uma consultoria para avaliar se o negócio é viável. O governo estima licitar o trem-bala no começo do próximo ano. O custo da obra está estimado em US$ 11 bilhões.
A escolha desses dois aeroportos para concessão está intimamente ligada à construção da ligação entre Campinas e Rio de Janeiro pelo trem-bala.
Terminais próprios
O presidente do Sindicato afirma que as empresas aéreas não teriam como investir em terminais próprios como ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, porque o porte atual dessas companhias ainda não permite esse investimento. Contudo, ele disse que elas estariam dispostas a entrar como sócias de outros parceiros na ampliação desses aeroportos.
"As empresas aéreas não teriam como investir em terminais de passageiros próprios, como faz a American Air Lines, porque não tem porte para isso. Mas, elas podem integrar consórcios com outras empresas nesses investimentos de ampliação. Essa possibilidade se abre com a possível concessão desses aeroportos", salientou.
Segundo ele, o governo deveria adotar o modelo de concessão de todo o aeroporto e não apenas de algumas áreas. "O ideal é que se conceda o aeroporto inteiro e que faça como na telefonia, onde a empresa que fica com o filé mignon também seja obrigada a assumir o osso", disse. Ou seja, se um concessionário ganhar a concessão do Galeão terá que aceitar administrar um ou mais aeroportos de menor porte, não tão lucrativos.
Isso seria necessário porque senão a Infraero continuaria responsável apenas por aeroportos deficitários, com pouco movimento e não conseguiria modernizá-los na velocidade dos grandes terminais.
Infraero
Mollo disse também que a possível abertura de capital da Infraero não ajudaria a atrair investimentos privados em aeroportos, porque haveria muita desconfiança no setor. "Quem investiria numa empresa que continuaria com 51% das ações na mão do governo e com o histórico da Infraero, uma empresa pública que não funciona há muitos anos?", questiona.
Segundo ele, essa medida seria inócua para o mercado, já que esse modelo está esgotado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o Ministério da Defesa estude formas de concessão que garantam as reformas necessárias nos aeroportos. O modelo a ser usado ainda não está definido.