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São Bernardo do Campo (SP) – Os funcionários da Volkswagen em São Bernardo do Campo aprovaram ontem, em assembléia realizada na própria fábrica, a realização de negociações com a direção da empresa até sexta-feira. A reunião, no entanto, não foi conclusiva, já que os trabalhadores não aceitaram nenhuma das duas alternativas oferecidas pela empresa: o fechamento de um acordo que preveria demissões e redução de direitos trabalhistas ou então o fechamento da fábrica, a primeira e maior das cinco unidades da Volks no Brasil. A empresa justifica a medida com a perda da competitividade das exportações devido à desvalorização do dólar.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, se não houver um acordo com a Volks até sexta-feira, os sindicalistas começarão no sábado a definir um calendário de "lutas" que pode incluir greves e manifestações. O sindicalista disse aos trabalhadores que a empresa planeja divulgar uma lista de 1,3 mil funcionários que seriam demitidos já em novembro, quando termina o acordo de estabilidade de emprego na fábrica. "Não duvido que a Volkswagen esteja contando com o ambiente eleitoral para pressionar os trabalhadores a aceitarem a proposta."

Se fecharem o acordo, até 3,6 mil trabalhadores terão que aderir a um plano de demissão voluntária. Cada um deles receberá 0,4 salário por cada ano trabalhado na empresa, valor considerado baixo pelo sindicato.

Entre outras desvantagens, os trabalhadores que permanecerem na Volks terão que aceitar mudanças no banco de horas. A empresa não pagaria nada àqueles que fizessem até 200 horas extras em um ano e só pagaria hora cheia para os que trabalhassem mais de 400 horas acima da jornada.

Já os novos contratados teriam redução média de salário de 35% em relação aos vencimentos pagos hoje. Os planos de carreira também se tornariam menos favoráveis aos trabalhadores, que demorariam mais tempo para receber vencimentos correspondentes ao ápice da carreira.

Feijóo reconhece que a Volks enfrenta o processo de ajuste mundial e vê na ameaça de fechamento da fábrica de São Bernardo uma "postura radicalizada com os trabalhadores". "A nova filosofia da Volkswagen é de chantagear trabalhadores com a ameaça de transferir as fábricas para outros países, onde há precarização das relações do trabalho", acusou.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, recebeu com estranheza a possibilidade de fechamento da unidade mas reiterou que o governo federal está disposto a intermediar as negociações entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, "caso qualquer uma das partes achar necessário".

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