O Itaú Unibanco deverá adotar um modelo de realocação interna para os funcionários das duas instituições e, assim, evitar demissões. Esse instrumento de gestão de pessoal faz parte do compromisso firmado entre a direção do banco e o Sindicato dos Bancários de São Paulo. "Em três semanas faremos uma nova reunião para decidir como ficará o processo de realocação", disse o presidente do sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
No encontro realizado ontem, que contou com a participação de integrantes da área de Recursos Humanos e de relações com trabalhadores dos dois bancos, foi reafirmado que o Itaú Unibanco não planeja nenhum plano de demissão em massa. Os bancários voltaram a pedir garantia de emprego por um determinado período, mas não houve avanço nessa proposta.
De acordo com Marcolino, foi sugerido que a instituição financeira dê incentivos para os funcionários que estão próximos da aposentadoria e aqueles que já estão aposentados mas ainda prestam serviços ao banco. Esse grupo de trabalhadores ocupa hoje entre 5 mil e 10 mil vagas e seu desligamento poderia evitar demissões de outros funcionários.
Na semana passada, ao comentar os resultados do Itaú Unibanco referentes ao ano de 2008, o diretor-presidente da instituição, Roberto Setúbal, afirmou que o banco não trabalhava com um plano de demissões em massa e que a rotatividade de pessoal (turn over) anual de 10 mil funcionários seria suficiente para fazer os ajustes no quadro de trabalhadores. Marcolino lembrou que desde o fim do ano passado os dois bancos não estão fazendo novas contratações para preencher as vagas que foram abertas após a saída de funcionários.
Outra sugestão do sindicato é elevar o número de funcionários nas agências em 20%, abrindo possibilidade de colocar nesses locais funcionários que hoje ocupam colocações em áreas que serão integradas com a fusão. Segundo Marcolino, o Itaú Unibanco ficou de estudar a proposta, mas sua adoção dependerá do modelo de agência que irá prevalecer. Se for a do Itaú, naturalmente haverá um aumento de funcionários nas agências do Unibanco, que trabalha com equipes mais enxutas nos pontos de atendimento.
No processo de integração entre Santander e Real já foi adotado um programa parecido, chamado de "Venha para a Rede", que busca realocar profissionais que antes estavam em funções administrativas nas agências do grupo espanhol.
Sobre as cerca de 120 demissões ocorridas na área de atacado e das corretoras, os dirigentes do Itaú Unibanco teriam afirmado, durante o encontro com o sindicato, que elas não ocorreram pela fusão, e sim pelo atual momento do mercado de capitais. "O banco prometeu priorizar recontratação nessa área se o mercado voltar a ficar aquecido", afirmou Marcolino.