As negociações salariais em 2005 foram as melhores dos últimos dez anos. Pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), englobando 640 acordos fechados no ano passado, mostra que 88% das categorias pesquisadas tiveram reajustes iguais ou superiores à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que foi de 5,53% em 2005. No Paraná, 82% dos 56 acordos e convenções acompanhados foram vantajosos.
Outra pesquisa divulgada pelo Dieese, com base em números do Ministério do Trabalho, mostra que o saldo de contratações também foi positivo em 2005. Foram abertos 72.374 novos postos de trabalho na indústria, no comércio e nas prestadoras de serviço paranaenses. Para analistas, os resultados se devem à expectativa de crescimento econômico em 2006. "O bom cenário trazido pela queda da inflação e dos juros e o avanço do crédito e das exportações geraram maior procura por trabalhadores com carteira assinada. E para manter pessoas qualificadas, os empregadores aceitam pagar mais", explica o economista do Dieese, Sandro Silva.
Para o coordenador do curso de Economia da UniFAE, Gilmar Mendes Lourenço, os empresários "retiraram a couraça conservadora" que reduziu a massa de salários a partir de 1994. "Não se trata tanto de um ganho, mas da recuperação de perdas", analisa.
Os ganhos salariais devem se repetir em 2006, segundo os especialistas. A trajetória dos juros é de baixa e não existe sinal de que haverá aumento de impostos. Além disso, há a expectativa de maiores investimentos públicos no ano eleitoral, e a Copa do Mundo pode gerar uma demanda adicional. "A tendência de inflação estável ou em queda vai facilitar as negociações este ano", espera Silva. "Certamente o empregador vai levar em conta o que já investiu em seu quadro funcional na hora de rever salários", avalia Lourenço.
Apesar dos ganhos nas negociações, a pesquisa do Dieese aponta que o saldo de contratações pouco contribui para a expansão da renda. O grosso dos novos postos de trabalho no Paraná em 2005 se concentrou na faixa salarial que vai até três salários mínimo. Nesta categoria foram 88 mil novos empregos. Mas entre aqueles que ganham mais de cinco salários mínimos houve mais demissões do que contratações.
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