O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) tinha apenas três anos de existência quando a geada devastou os cafezais do Paraná. De lá para cá, uma das metas da organização passou a ser o desenvolvimento de técnicas que impeçam que a tragédia se repita nos campos do estado. Hoje, uma equipe de técnicos trabalha para descobrir maneiras de proteger a lavoura e cria uma rede de informações para que os avisos sobre clima cheguem o mais rápido possível aos produtores.

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Algumas das medidas que o Iapar recomenda podem parecer bastante simples, mas não eram seguidas por quase ninguém no estado antes da geada de 1975. Por exemplo: não plantar em áreas muito baixas, próximas a rios. O ideal, hoje se sabe, é cultivar o café em terrenos mais altos e inclinados. De preferência, com a área em declive voltada para o norte.

Segundo o pesquisador Paulo Caramori, que integra a equipe do Iapar, outra técnica que tem ajudado a aumentar a temperatura nos cafezais, evitando que a geada se forme, é a inclusão de algumas árvores de grande porte dentro da plantação. "Plantando árvores como a grevílea e a bracatinga entre os pés de café, é possível aumentar em 3ºC ou 4ºC a temperatura no cafezal", diz ele.

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Mas plantar da maneira certa nem sempre é suficiente. Às vezes, o frio é tão intenso que a geada se forma de qualquer maneira. Nesses casos, o que o Iapar pode fazer é usar o sistema de alerta contra geadas. Os técnicos, baseados em informações da meteorologia, avisam todos os seus contatos sobre o risco, com até 48 horas de antecedência. Cooperativas, órgãos técnicos, prefeituras, todos a partir daí têm o encargo de levar a informação adiante, até que ela chegue ao produtor.

Nesse caso, o que se recomenda é cobrir as plantas pequenas com terra, até que a geada passe. Para as plantas maiores, o Iapar diz que o que se pode fazer é cobrir a parte mais baixa do pé. Assim, se a geada destruir as folhas e a parte superior do cafeeiro, o agricultor ainda pode cortar deixando a raiz e parte do caule. Isso diminui o tempo de recuperação da planta.

Caramori diz que nem todos os agricultores seguem as recomendações. Em 2000, quando o estado teve a última grande geada, ele diz que muita gente não acreditou no alerta. Quem acreditou salvou a lavoura. Ele afirma que foram poupados US$ 20 milhões à economia do estado com a tomada de medidas simples como essas.