"Fui roubado." Esta frase tem sido repetida cada vez mais pelos maringaenses. De janeiro a outubro deste anos, a Polícia Militar (PM) registrou, por exemplo, 5.267 boletins de ocorrência somente para roubos e furtos no Município. Juntamente disso, os maringaenses se renderam ao site Onde Fui Roubado, desenvolvido há cerca de quatro meses por dois estudantes baianos para mapear os locais em que são registrados roubos e furtos no Brasil, uma espécie de prestação de serviços à população.
A plataforma colaborativa foi criada pelos estudantes de Ciências da Computação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Márcio Vicente Santos e Fellipe Nortan, ambos de 22 anos. No início, o serviço era feito somente na capital baiana, Salvador. Em menos de um mês, alastrou-se para cerca de 80% dos municípios brasileiros. Maringaenses aderiram ao aplicativo há pouco mais de dois meses.
No site, o internauta pode denunciar, anonimamente, crimes como furtos, assaltos e sequestros-relâmpago. Basta entrar e informar a natureza do crime, horário e endereço. Automaticamente, um mapa é criado contendo todas as informações. A denúncia, caso a vítima deseje, pode ainda ser compartilhada no Facebook e Twitter .
Santos, um dos idealizadores, conta que a intenção não é fazer com que a vítima mostre o rosto, mas, sim, que relate o fato e compartilhe as informações. Segundo ele, em uma pesquisa informal em Salvador, os dois estudantes constataram que cerca de 50% das pessoas assaltadas não registravam boletim de ocorrência. Muitas das vítimas se sentiam acuadas, em alguns casos por conhecer o ladrão, em outros por achar que o objeto levado não era de valor. Segundo ele, mesmo sem estatísticas, é possível afirmar que esse percentual seja refletido nacionalmente.
"Queremos que as pessoas se sintam seguras para informar o crime, e, com isso, colaborem com a população, e informem os locais mais perigosos." Ele diz ainda que, até o momento, não existe uma parceria oficial com a polícia dos municípios, mas que espera que a plataforma possa servir como base para análise de dados das ocorrências.
Até as 16h20 de segunda-feira (11), o site havia registrado 130 ocorrências em Maringá. O celular é o objeto mais subtraído, com 65% dos registros, seguido de outros objetos não catalogados ( 41%) e carteiras (36%).
Assaltos à mão armada somam 36% das ocorrências, seguidos de furto (30%) e assalto coletivo (13%), segundo estatísticas do site, que informa ainda que 77% das vítimas são homens e 23% mulheres.
Polícia diz que é preciso ter cautela
O tenente Cláudio Rocha, do 4º Batalhão da Polícia Militar (4º BPM) de Maringá, diz que a PM dispõe do próprio sistema, atualizado diariamente. Segundo ele, a confiabilidade do site Onde Fui Roubado pode ser questionada, já que qualquer um pode fazer a denúncia. "O sistema da PM informa de acordo com os boletins [de ocorrência]. Portanto, fazemos a geodistribuição e temos informações sobre a natureza, horários e locais. Ou seja, dados precisos."