Pesquisa do SPC Brasil revela insatisfação do consumidor com sites de compras coletivas.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Muito popular no início da década, o segmento de compras coletivas está redefinido e busca se consolidar com um novo modelo de negócio, uma espécie de catálogo virtual de promoções locais. O crescimento das vendas feitas via smartphones acelera esse processo, que reduziu o ramo a praticamente dois sites – Peixe Urbano e Groupon –, com forte aposta na plataforma móvel.

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As mudanças foram tantas que o próprio conceito de compras coletivas perdeu o sentido, já que não há mais necessidade de número mínimo de compradores para validar uma oferta. Em vez disso, os sites trabalham com quantidade máxima de adquirentes, respeitando a capacidade de atendimento do comércio responsável pelo produto ou serviço.

Sites tentam ganhar confiança do consumidor na hora do pagamento

A fim de atrair consumidores sem acesso ao cartão de crédito ou que têm receio de fazer uma transação online, o varejo vem investindo em novidades no e-commerce.

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“Percebemos que havia demanda de pequenos e médios empresários que gostariam de divulgar seu negócio, mas que não queriam ou não tinham capacidade para vender grande quantidade de vouchers. A mudança no modelo permitiu a absorção desses novos parceiros”, explica o vice-presidente comercial do Groupon Brasil, João Pedro Serra, em entrevista por e-mail.

Outras premissas marcantes desse comércio deixaram de existir, como o limite de uma oferta diária e o prazo reduzido, de 24 a 72 horas, para comprá-la. “Isso gerava tráfego muito grande de clientes ao mesmo tempo e criava dificuldades para que os estabelecimentos os atendessem. Não era bom para ninguém”, diz a diretora de Comunicação Corporativa do Peixe Urbano, Letícia Leite. O site tem cerca de 5 mil ofertas, com validade média de três meses.

Experiência ruim

Letícia afirma que a antiga estrutura se refletiu em experiências ruins para um conjunto de usuários, o que acabou “manchando a imagem do setor”. Isso é retratado em uma pesquisa feita em janeiro pelo SPC Brasil junto a consumidores do ramo: houve redução no ritmo de compras de 47% dos entrevistados e índice elevado (34%) de cupons não utilizados. Uma das dificuldades apontadas é a expiração do prazo de uso do voucher, o que indica precipitação do consumidor no ato da compra, na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Esse tipo de situação exigiu soluções das empresas. O Peixe Urbano passou a oferecer um serviço gratuito de reembolso para quem faz a compra via aplicativo, que permite, até a data de vencimento do cupom, a devolução do dinheiro, em forma de crédito. Já o Groupon informa que, na mais recente mudança de layout, buscou deixar mais evidentes as regras das ofertas.

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Ações promocionais

Depois das mudanças, as empresas passaram a atuar com mais força em três segmentos: ofertas locais, sobretudo de bares e restaurantes; viagens; e produtos diversos, como eletrônicos e objetos de decoração.

Na última semana, o Peixe Urbano disponibilizou cupons que partiam de R$ 0,05 em uma ação promocional pelos cinco anos do site. O voucher era válido principalmente para itens de bares e restaurantes, como chope e petiscos.

Nos dois sites, as ofertas locais não promocionais partem de preços que giram entre R$ 5 e R$ 10 e, para eletrônicos, podem chegar a R$ 4 mil.

Foco em ofertas locais agiliza uso do desconto

A nova estrutura usada pelo segmento de compras coletivas estimula o proveito imediato dos vouchers. Segundo o Peixe Urbano, 25% dos usuários que compram via aplicativo usufruem da oferta no mesmo dia. A rapidez é possível graças à intensificação das promoções locais, que são estimuladas por mecanismos como o georreferenciamento presente nos aplicativos. Não à toa, um dos novos nomes que o segmento adotou é “e-commerce local”.

A expansão das compras feitas pelo celular também contribui para o uso célere do cupom, já que ele pode ser validado a partir da tela do telefone, sem necessidade de impressão. O Groupon já tem metade dos clientes fechando negócio por meio de smartphones, volume que o Peixe Urbano espera atingir ao longo deste ano. “Nosso próximo passo é fazer uma transição para se tornar um shopping de ofertas mobile”, diz a diretora de Comunicação Corporativa do Peixe Urbano, Letícia Leite.

A expectativa é de que essas mudanças fortaleçam o setor e atraiam os consumidores para a nova dinâmica do segmento. “Muitas pessoas experimentaram aquele formato, ainda acham que é assim e não chegaram a conhecer o novo modelo”, afirma Letícia. (RC)

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