Depois de revolucionar os bancos, os smartphones também conquistaram de vez seu lugar quando o assunto é o e-commerce. Prova disso é que 62% dos brasileiros que fizeram compras internacionais pela internet no último ano utilizaram o canal como meio para acessar lojistas e fechar as transações. Elas já somam US$ 8 bilhões e correspondem a 22% do total do e-commerce brasileiro. Os números são do Beyond Borders Research, estudo lançado nesta semana (25) pelo Ebanx durante o Latam Cross-Border Summit Rio.
O rápido crescimento no acesso aos aparelhos móveis e, consequentemente, à rede mundial de computadores, é um dos pontos que justifica este resultado. Em 2018, eram 148 milhões os usuários de smartphones no país - e 49 milhões de compradores online -, sendo que para 56% deles o aparelho era o único canal de acesso à internet. Para 2022, a previsão é de que número de usuários do dispositivo chegue a 180 milhões no Brasil.
"O aumento do uso dos smartphones e o crescimento deles como canal para compras online é uma tendencia mundial. Mas isto é ainda mais proeminente no Brasil. O número de pessoas que acessam a internet exclusivamente pelo smarthphone aqui é 12 pontos porcentuais maior do que nos Estados Unidos, por exemplo, uma economia madura na qual as pessoas têm mais acesso aos bens de consumo. O nosso abandono ao desktop foi mais rápido", avalia João Del Valle, cofundador e COO do Ebanx.
O "vício" dos brasileiros em relação ao aparelho é outro ponto que contribui para justificar a preferência dele entre os canais para compras online. Segundo a Deloitte, 54% da população que dispõe de smartphones faz seu primeiro acesso já nos 5 primeiros minutos depois de acordar, o que faz com que fiquemos atrás apenas da Coreia do Sul (65%) e bem à frente dos EUA (39%). 33% dos brasileiros também acessa o aparelho mais de 50 vezes por dia, contra 36% entre os sul-coreanos.
Tecnológicos na compra, mas tradicionais na forma de pagamento
Muito dispostos a aderir às novas formas de consumo digital, seja por meio de compras online ou pela assinatura de serviços como Netflix, Uber e Spotify, os brasileiros ainda são tradicionalistas quando o assunto é o pagamento delas, e não abrem mão dos boletos, especialmente nas compras internacionais. A modalidade de pagamento é usada por 51% deles, perdendo apenas para o cartão de crédito, citado por 69% dos entrevistados no estudo do Ebanx.
Entre o grupo que opta pelo boleto, 53% afirma ainda que o faz mesmo dispondo de cartões de créditos. "Apesar de [muitas das] pessoas serem bancarizadas, elas preferem o boleto, que é algo que está muito arraigado na cultura do brasileiro e ao qual elas estão acostumadas. Ou seja, elas se sentem mais seguras [nesta transação], no que se refere à necessidade de disponibilizar os dados do cartão [nas plataformas de e-commerce]", acrescenta Del Valle.
Muitos dos compradores também preferem "guardar" seus cartões de crédito para "compras maiores" ou emergenciais. "[Além disso,] pouquíssimos cartões permitem compras internacionais e, [os que o fazem], geralmente têm limites muito baixos", acrescenta Lindsay Lehr, diretora da Americas Market Intelligence, ao comentar o dado na pesquisa.
Débitos para compras online e pagamentos instantâneos: o futuro está logo ali
Este cenário, porém, deve mudar em breve. As instituições bancárias, agentes financeiros e empresas de pagamentos têm se empenhado em solucionar questões relacionadas à segurança e protocolo das transações instantâneas e do pagamento por débito automático no e-commerce, ofertando mais opções para além do boleto.
"Estamos vivendo uma grande evolução nas formas de pagamento. Durante muito tempo as empresas [de pagamento] ofereciam o produto do jeito que queriam e o consumidor tinha que se adaptar a ele. Essa nova geração de consumidores, que tem acesso a muita informação e a diversas formas de oferta de produtos e serviços, se tornou mais exigente e as empresas foram se remodelando. E no meio de pagamento não aconteceu diferente", avalia Fernando Teles, diretor geral da Visa no Brasil.
Para ele, o avanço das modalidades de pagamentos instantâneos, como o por aproximação, é um caminho sem volta, possibilitado pela redução dos custos resultantes do avanço da tecnologia e garantido pela melhor experiência que oferece aos consumidores e vendedores.
Já o débito online, por sua vez, ainda depende de alguns avanços tecnológicos para que seja garantida a efetividade e segurança das transações. "Hoje as conversas sobre este tema caminham melhor do que no passado. É algo complicado de se fazer, mas estamos muito perto disto", avaliou João Pedro Paro Neto, CEO da Mastercard Brasil, durante sua fala no evento.
*A repórter viajou a convite do Ebanx.
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