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Só alta do desemprego leva IPCA a 4,5% em 2016, dizem analistas

Faixas de protesto contra demissões: para alguns economistas, renda tem de cair para conter preços | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Faixas de protesto contra demissões: para alguns economistas, renda tem de cair para conter preços (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

A taxa de desemprego teria que chegar ao nível de 7,5% a 8,5% da População Economicamente Ativa (PEA) no decorrer de 2015 para que a taxa de inflação recuasse em 2016 para o centro da meta, de 4,5%, conforme deseja o Banco Central (BC). Ao mesmo tempo, o rendimento médio teria que encolher de 3% a 5%, segundo analistas consultados pela reportagem. Polêmica, a tese recebe a defesa de economistas que acreditam que a resiliência da inflação de serviços só pode ser combativa com um ajuste do mercado de trabalho e na renda das famílias.

Defensor dessa teoria, André Perfeito, o economista-chefe da Gradual Investimentos acredita que o mercado de trabalho se tornou a principal variável de ajuste da economia. Segundo ele, a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Mensal de Empregos (PME) teria que avançar do patamar atual de 5,9% em fevereiro para algo entre 7,5% a 8,5% para que o IPCA voltasse aos 4,5% ao ano. Além disso, explica, o salário médio no país teria de ser reduzido de 3% a 5% ao longo do período.

Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, foi um dos primeiros economistas a defender o ajuste da economia por meio do mercado de trabalho. Após defender por vários meses o aumento do desemprego para arrefecer o ímpeto da inflação, em agosto do ano passado o ex-diretor do BC calculou que para que a autoridade monetária possa entregar em 2016 uma taxa de inflação de 4,5% seria necessário que 8,5% da população economicamente ativa ficasse sem emprego. Segundo ele, caso a inflação convirja para a meta em 2016, a taxa de desemprego teria que permanecer em 7%.

Uma variável que as avaliações sobre inflação costumam deixar de fora, segundo o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, são os programas de transferência de renda. Segundo ele, na esteira destes programas são distribuídos mensalmente 60 milhões de contracheques. “Isso é renda que vai para o consumo independente de mercado de trabalho. Para fazer uma blindagem do efeito deste tipo de renda no consumo de bens e serviços, é preciso que o desemprego cresça e a renda caia”, afirma. Na avaliação de Caparoz, para neutralizar parte do efeito dos programas de transferência de renda sobre a inflação, a taxa de desemprego medida pela Pnad teria que superar 8%. “É a partir daí que as pessoas começam a pisar no freio e a reduzir gastos por medo de perder seus empregos”, disse.

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